Nem se percebe porque não continuamos a queimar. Pode ser carvão, de preferência asiático, da Indonésia, que não chega aos 70 dólares a tonelada. Ou petróleo e que venha do Médio Oriente, onde brota do solo a menos de três dólares o barril e incluindo capital e transporte não chega aos nove.
Claro que existem externalidades, os tais custos que são impostos a terceiros e que não estão incluídos neste preço. Perguntem aos habitantes de Lahore, no Paquistão, uma das mais poluídas cidades por causa do tráfego automóvel; ou aos de Shanxi, na China, de Appalachia, nos Estados Unidos, ou da Silésia, na europeia Polónia. Pudessem eles falar e até os pinguins das ilhas Cocos ou Keeling teriam algo a dizer, não só sobre as tarifas impostas por Donald Trump, mas também de como foram afetados por um derrame petrolífero.
Quando existem estas externalidades negativas cabe ao decisor político meter mão no mercado – uma mão muito visível – para o equilibrar, mesmo que nem todos o percebam e que não seja óbvio ou para o curtíssimo prazo em que vivemos. No caso da energia, se os tivermos em conta, a eficiência passa a ser muito discutível.
Muitas das soluções de que precisamos ainda não existem, não saíram dos programas de desenho, das cabeças de quem as maquina e muito menos chegaram ao consumidor final. Não era uma prioridade, mas passou a ser quando o decisor político forçou a existência de um mercado. Perguntem a quem participa na corrida para a melhor e mais eficiente bateria para carros elétricos. Até se cria negócio como o provam as novas cadeias de valor que nascem na economia circular. Mas, por vezes, é preciso coragem, até política, o pior que um político quererá ouvir.