Já ninguém se lembra que, se a crise política espoletada pelo tema TAP, e que teve como clímax a ópera bufa no gabinete de João Galamba, tivesse descambado numa decisão de dissolução da Assembleia da República (AR) por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, poderíamos estar em eleições nas últimas semanas.

A memória é curta, mas a hemeroteca é a maior inimiga dos políticos. Logo, face ao que ocorreu nos Idos de Maio, é naturalmente uma provocação do Governo colocar o seu ministro mais impopular e enfraquecido desde esses tempos, a fechar a discussão do Orçamento do Estado para 2024. É também um atestado de sobranceria de uma maioria absoluta que não compreende que aos olhos dos portugueses João Galamba não tem qualquer credibilidade como ministro, assim o dizem as sondagens.

Caindo-se ainda no ridículo do ministro das Infra-estruturas, no discurso proferido na AR, ter vestido o seu alter-ego de gladiador das redes sociais, entrando numa lógica confrontacional com esquerda e direita, mas, pasme-se, sem nunca ter tocado no assunto TAP, o “Vietname do Governo”, que teve a sua privatização vetada pelo PR por falta de transparência. Vivemos, efectivamente, num mundo perigoso e bizarro.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.