Tenho alertado recorrentemente, na coluna de opinião que mantenho no Jornal Económico, para a perda de influência da Europa a nível mundial e tenho sido bastante crítico das políticas europeias. Os ciclos eleitorais costumam atuar como catalisadores da mudança, mas no caso das recentes eleições europeias, não é isso que acontece. A burocracia imposta está a corroer o projeto europeu e, como tal, haverá uma fricção cada vez maior entre países e espectros políticos.
Vendem-nos sistematicamente a ideia de que a Europa quer ser competitiva, estar na dianteira do investimento e da inovação, bem como almejar um mercado de capitais único. Mas como podemos acreditar nisso quando os nossos olhos veem decisões na direção oposta?
Enquanto Trump anuncia uma via verde para o investimento para projetos acima de mil milhões de dólares, na Europa, temos casos como o aeroporto de Lisboa que irão demorar pelo menos dez anos entre o projeto e a construção. Recordo apenas que países como a China, e as suas empresas, constroem infraestruturas semelhantes em metade do tempo!
Mas não é só no plano das infraestruturas que a Europa ficou para trás, uma vez que ainda nem sequer conseguiu ligar as principais capitais europeias com comboios de alta velocidade. Mais uma vez, olhe-se para a China.
Outro exemplo é a interligação energética, ou a ausência dela por questões políticas. Ainda este mês o preço da eletricidade na Alemanha ultrapassou os 1.000 euros Mw/h, um valor incomportável para a indústria, resultado da política extremista contra o nuclear, que terá consequências para o contribuinte alemão e irá acentuar a perda de competitividade do país.
O mercado de capitais único europeu é outra desgraça. Temos um mercado cada vez mais concentrado em algumas empresas, que começam a equacionar estar apenas cotadas nas praças americanas e a abandonar a Europa. Nada disto alarma os políticos europeus, que continuam a legislar e a criar obstáculos ao investimento nos mercados financeiros, fingindo que está tudo bem. E todos os dias somos bombardeados com anúncios a aliciar ao jogo, que criam muitas desgraças pessoais, mas não ao investimento, que cria riqueza a longo prazo.
A solução da Europa é pedir juros mais baixos ao BCE, mas essa é uma ilusão que, tal como aconteceu no Japão, irá mergulhar a Europa na estagnação na próxima década. Reduzir os juros é sinal de que a economia está fraca e precisa de mais consumo, o que não é necessariamente bom. O PIB europeu não cresce e foi revisto mais uma vez em baixa por alguma razão – burocracia, fraca produtividade e, acima de tudo, o facto de não haver perspetiva de mudança.
Os EUA, com juros mais elevados, continuam a aumentar a sua perspetiva de crescimento para 2025 dos 2 para 2,5%. Por aqui se veem as diferenças no nível de confiança!
Desejo a todos um excelente Natal e um próspero 2025, repleto de bons investimentos.