O facto de estarmos perante o período mais longo de sempre de expansão económica nos EUA e de existirem algumas “nuvens negras” no horizonte faz com que seja muito tentador prever uma recessão.

De facto, um dos mais conhecidos monitores de ciclo económico, calculado pela Reserva Federal americana, atribui agora uma probabilidade um pouco acima de 30% de se iniciar uma recessão nos próximos 12 meses. E, pelo menos desde a década de 90, sempre que este barómetro chegou aos 30%, iniciou-se um período recessivo, embora nem sempre no horizonte temporal de um ano.

Dizer que irá acontecer uma recessão algures no futuro é quase um truísmo, mas os 30% atuais também significam que há uma probabilidade próxima dos 70% de não suceder nos próximos 12 meses.

Claro que os bancos centrais tudo farão para a impedir, esticando os limites da política monetária. Mas também a administração Trump tentará alargar o ciclo de crescimento o mais possível. Relembremos que as eleições nos EUA são em 2020, e que Trump ainda tem a carta das infraestruturas para jogar. Deste modo, é bem mais provável uma recessão após as eleições do que antes.

A estatística mostra-nos que prever recessões é difícil: desde 1988 ocorreram 469 recessões em diferentes áreas geográficas (medidas enquanto contração anual do PIB real) e, nos seus relatórios, o FMI conseguiu prever (antecipar) quatro dessas 469 mas só em economias de dimensão muito reduzida.