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Eletrificação de frotas: revolução digital nos automóveis só agora começou

O 5G vai colocar os carros a falar entre si, e embora a condução autónoma ainda esteja longe de soluções avançadas, já permite serviços relevantes ao nível da segurança. As frotas vão acompanhar tudo.
1 Março 2020, 18h00

O futuro passa por muita tecnologia e eletrificação das frotas. A disrupção chegou com impacto no ambiente, na rentabilidade e na motivação. A mobilidade elétrica está a acontecer, mas vai levar anos até à descarbonização total. As gestoras de frotas continuam a ter o centro dos negócios nos automóveis e nos veículos comerciais a combustão, com destaque para o Diesel, contudo os tempos estão a mudar. A nível tecnológico vamos assistir a uma eficiência da frota com a centralina a divulgar dados que vão permitir reduzir os tempos de inatividade da frota, identificando tempo em ralenti e consumo de combustível.

Mas é a eletrificação que cria os maiores desafios às frotas. E se os veículos comerciais já têm sistemas de monitorização, são os veículos de passageiros que fazem a diferença no negócio. No mais recente debate da Nissan sobre “Mobilidade Elétrica” ficou patente a necessidade de um esforço concertado dos construtores automóveis, dos operadores responsáveis pelos pontos de carregamento e dos distribuidores de energia. Hoje, o utilizador de uma viatura elétrica está menos preocupado com a autonomia, desde que escolha um dos ainda poucos veículos que consegue fazer 400 quilómetros sem um novo carregamento, e mais interessado nos postos de carregamento que funcionem e que estejam disseminados. As baterias dos veículos e o tipo de carga é um tema que ainda está longe de ser assimilado pelo consumidor comum.

E todos querem – até porque é obrigatório – a neutralidade carbónica dentro de um ecossistema elétrico, e é nessa ótica que a Nissan frisou no recente evento da “Mobilidade Elétrica” estar apostada no desenvolvimento de projetos piloto V2G e no armazenamento. Esta opção irá permitir a redução pela empresa dos custos em energia, podendo inclusivamente vender à rede.

A eletrificação e o automóvel autónomo são sinónimo de maior conectividade. No caso das marcas que estão rapidamente a eletrificar todos os modelos, é relevante pensar a longo prazo. A Nissan deu o exemplo do “best-seller” Qashqai, que será lançado em 2026 e que o construtor quer manter no mercado até 2032. O CEO da Hertz Portugal, Duarte Guedes, antecipa que a tecnologia irá mudar mais a mobilidade nos próximos dez a 20 anos do que nos últimos 50. A condução autónoma que está em testes há vários anos vai subir de nível e começar em trajetos simples. A Renault, por exemplo, pensa mais longe e não apenas em vender carros mas em tornar as tecnologias dos futuros automóveis acessíveis a todos. Já a Inosat pensa em sensores que “podem ser integrados em processos de aprendizagem automática”, diz Paulo Carvalho, da divisão de Vendas da empresa. Realça que os futuros automóveis terão sensores capazes de apoiar as autoridades responsáveis pelo trânsito na calibração dos semáforos de forma mais eficiente, ou na atribuição de faixas de rodagem e na definição de limites de velocidades variáveis. E tudo na perspetiva de que, mesmo em economia de sharing, o número de automóveis a circular duplicará nos próximos 30 anos.

Até lá, haverá um trabalho hercúleo a fazer, sobretudo quando se trata de evoluir as motorizações de combustão para as eletrificadas. Pensamos estar a falar de passado com motores diesel ou a gasolina, mas estes vão continuar a ser a maioria dos automóveis em circulação durante muitos anos, inclusive com restrições em centros de cidade. Lisboa não fugirá à regra, mesmo com penalizações via impostos e com base nas emissões de CO2. E aqui coloca-se a questão de saber qual a desvalorização dos motores de combustão e até que ponto o futuro é elétrico e não hidrogénio, por exemplo.

A disrupção da mobilidade está em marcha e as gestoras de frotas estão a adaptar-se. Sabem que é o mercado que manda, ou seja, as empresas e os utilizadores dos veículos. Na decisão destes está o custo do combustível, mas também as imposições governamentais ou a subsidiação, mas muito relevante também é a reputação da companhia ou setor de atividade onde se insere. Todos estes fatores determinam a opção do cliente final que faz a encomenda na gestão de frotas. E se falarmos de duas rodas temos o serviço eCooltra de scootersharing. O incentivo de scooters elétricas passa pelo preço, mas também pelo número de veículos disponibilizados no mercado. Os novos modelos têm uma autonomia superior a 190 km e chegam aos 139 km/h em velocidade pura, mas precisam de quase dez horas para um carregamento completo. Este é ainda um constrangimento.

Seja como for, Lisboa, a “Capital Verde Europeia”, precisa de mobilidade elétrica e tem uma data limite: 2030. Até lá será preciso resolver os milhares de toneladas de CO2 que serão lançados para a atmosfera.

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