A saída de Tomás Correia da Associação Mutualista Montepio Geral não constitui surpresa. Tomás Correia não tinha condições para permanecer à frente da Associação que detém o Montepio e apenas se manteve no cargo durante tanto tempo devido à influência pessoal que detém há longos anos em determinados círculos próximos do poder político, económico e social.
Como qualquer outro cidadão, Tomás Correia tem direito à presunção de inocência, até porque a Justiça ainda não se pronunciou em definitivo sobre as acusações de que foi alvo por parte do Banco de Portugal, que o condenou a uma coima de 1,25 milhões de euros (em setembro, o Tribunal de Santarém anulou essa sentença, tendo o supervisor anunciado que vai recorrer).
Porém, mais importante do que saber se Tomás Correia é inocente ou culpado dessas acusações, será saber se tinha condições para permanecer à frente da associação que controla o sétimo maior banco português em ativos. E, aqui chegados, poucos terão dúvidas que Tomás Correia não poderia continuar à frente da Mutualista, pela simples razão que quem lidera uma instituição como esta tem obrigatoriamente de estar acima de qualquer suspeita.
A lógica da mulher de César aplica-se como uma luva e a decisão ontem anunciada só peca por tardia. Mas não deixa de ser significativo que Tomás Correia saia depois da entrada em vigor dos novos estatutos, que dispensam a realização de uma assembleia geral eleitoral em caso de vacatura da presidência. Por outras palavras, a equipa de Tomás Correia continuará à frente da Mutualista.