Em 2023, a produção renovável abasteceu 61% do consumo de energia elétrica em Portugal, o valor mais elevado de sempre no sistema nacional. No caso da energia solar, Portugal tem mantido uma trajetória de crescimento sustentável, confirmado pelos números do ano passado – 2023 foi um ano recorde na instalação de painéis solares, com a capacidade fotovoltaica do país a disparar 56% face ao ano anterior.

Portugal tem um número assinalável de horas de sol por ano, e tem, por isso, condições bastante propícias para a instalação de sistemas de energia solar. Ainda assim, na produção para autoconsumo residencial, o país está bastante “aquém” das suas possibilidades – apenas cerca de 5% dos telhados em Portugal têm painéis fotovoltaicos, em comparação com taxas de penetração a rondar os 15% noutros países europeus onde esta matéria-prima é mais escassa, como a Alemanha ou os Países Baixos.

Mas o que impede os portugueses de apostar em painéis solares e aproveitar esta fonte de energia, tendo em conta os dias de sol de que beneficiam?

Embora esta tecnologia tenha vindo a desenvolver-se e esteja cada vez mais acessível, os custos iniciais para particulares continuam a ser elevados. Como tal, reveste-se de particular importância o desenvolvimento dos modelos de subscrição, cada vez mais valorizados pelos consumidores nacionais.

Com este modelo, um cliente pode instalar painéis solares em sua casa sem qualquer investimento inicial, beneficiando de poupança imediata na primeira fatura de eletricidade, pagando apenas um fee mensal de subscrição, que deverá ser inferior à poupança que obtém fruto da redução no consumo junto da rede.

Esta possibilidade irá, certamente, espoletar um aumento significativo da procura pelo autoconsumo de energia, o que permite antecipar que o setor irá ganhar um novo impulso nos próximos anos.

Além da questão do custo, é importante atuar ao nível da simplificação dos procedimentos associados às instalações solares, bem como voltar a promover os apoios à transição energética dos edifícios, nomeadamente através do Fundo Ambiental, que permitem uma significativa subsidiação do investimento dos particulares, com comparticipações que, no caso do último aviso existente, podiam ir até 85% do custo total relativamente à instalação de sistemas fotovoltaicos.

Quanto aos equipamentos, no mercado já existem vários tipos de painéis solares, co com eficiência energética díspar.

Assim, na altura de escolher, recomendo que se opte por marcas que realizem estudos do perfil de consumo de cada casa, para se saber a potência ideal para maximizar a poupança.

Ao contrário de uma ideia preconcebida, o mais importante não é o número de painéis, mas a capacidade total do equipamento para produzir eletricidade; ou seja, mais painéis não significam necessariamente maior poupança.

Claro que, atualmente, a instalação de um painel solar dificilmente substituirá na totalidade o consumo de eletricidade que é feito à rede, mas pode complementá-la, otimizando os custos e evitando oscilações nos preços.

No entanto, com a rápida evolução tecnológica que tem havido ao nível das baterias, a juntar à tendência de descida dos respetivos preços, esta progressiva substituição será cada vez mais uma realidade.

Não duvido, por isso, que investir em energia solar é, cada vez mais, uma aposta certeira, pelo enorme benefício que para a nossa carteira e para o meio ambiente.