Realizamos, recentemente, no Iscte Executive Education, uma conferência sobre a “sucessão nas empresas familiares”, integrada no ciclo de conferências do programa global do curso intensivo e aplicacional de gestão de empresas familiares.

A sucessão é um tema incontornável, em todas as empresas e, por essa razão, tratado, com razoável profundidade, em todos os manuais de gestão, em particular, de empresas familiares.

Aspectos ligados ao direito sucessório e à fiscalidade associada, são especialmente relevantes, pelo que foram os temas realçados na referida conferência.

Sendo um tema importante, a sucessão perde relevância, quando comparada com os temas de governance e de gestão estratégica das empresas familiares, por uma razão simples:

Numa empresa familiar com uma boa governance e uma gestão eficiente, a sucessão é tratada com antecedência, rigor e preocupação.

Os processos de governance e de gestão de uma empresa familiar, apresentam, no entanto, uma complexidade adicional em relação às empresas não-familiares, e é por essa razão que o seu tratamento imperfeito se acaba por reflectir nas dificuldades associadas à sucessão.

A conclusão óbvia para os empresários familiares, deve, assim, ser:

Apostar numa boa governance e numa boa gestão das suas empresas, tendo, sempre, em atenção a realidade sistémica destas organizações, em que é necessário optimizar a interacção entre o sistema empresarial e o sistema família.

No âmbito do processo de governance, um protocolo de família bem estruturado, aceite e interiorizado pelos membros da família, um regulamento do conselho de família eficiente e estatutos da family office cuidadosamente preparados, preparam e facilitam o processo de sucessão, garantindo a continuidade da empresa familiar, com indicadores de performance positivos.

No âmbito da gestão do grupo empresarial, o bom funcionamento da assembleia geral, na sequência das decisões do conselho de família, um conselho de administração, com um chairman independente e uma repartição equilibrada entre gestores executivos, membros e não – membros da família, com elevada competência e experiência de gestão, asseguram a tranquilidade da família, na fase de sucessão.

A continuidade e boa gestão das nossas empresas familiares, são fundamentais, na economia portuguesa. A boa notícia é que nas empresas familiares com uma boa governance e uma boa gestão, a sucessão não é um problema.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.