Trump desencadeou uma revolução simultaneamente ideológica, económica e geopolítica, com profundas consequências para o mundo, sob a sigla MAGA (Make America Great Again).
As principais vítimas começam por ser os seus principais vizinhos, México e Canadá, parceiros da zona de comércio livre USMCAN que Trump negociou no primeiro mandato, os aliados estratégicos e os parceiros económicos, como os membros da NATO e da União Europeia. Trump é um líder transacional e não relacional, não lhe importando as relações dos EUA com os seus parceiros e amigos, antes procurando fazer deals que lhe pareçam vantajosos. Temos uma política nacionalista e transacional sob o lema de “America First”, acabando com a ordem liberal internacional criada pelos próprios EUA!
Para Trump, todos eles têm beneficiado da relação privilegiada com a economia americana e do acesso das suas exportações ao grande mercado interno americano e serão obrigados por Trump a colaborar na correção dos desequilíbrios provocados na economia, designadamente os défices gémeos, orçamental e comercial, a desindustrialização e a sobrevalorização do dólar, tendo que aceitar as tarifas, mais ou menos discricionárias, que lhes vão sendo impostas.
Os indicadores de confiança de consumidores e investidores começam a cair, como as bolsas estão dramática e enfaticamente a sinalizar. Neste contexto, a Reserva Federal mantém uma prudente atitude de esperar para ver antes de continuar a reduzir taxas face às ameaças inflacionistas e já se perspetiva um cenário de recessão. O próprio Trump admitiu dificuldades nesta transição, tendo em conta a transformação que ambiciona.
O grande guru económico de Trump parece ser o economista Stephen Miran, que escreveu “A User’s Guide to Restructuring the Global Trading System” em Novembro de 2024, modelo teórico subjacente à nova política comercial americana e guião para explicar a TRUMPNOMICS (Trump+Economics). E é preciso ter consciência que a economia americana, como grande economia continental, é relativamente fechada ao exterior pois que o rácio Importações+Exportações / PIB é pequeno face à grande dimensão do PIB.
Neste contexto, se tivesse tempo, coisa que possivelmente não vai ter em democracia, Trump seria capaz de levar a economia americana para um desenvolvimento em circuito fechado, conjugando autarcia com a plutocracia dos seus amigos Musk & Associados!