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“A única que não está a pagar pelos erros da Boeing é a Boeing”. Empresas contratadas iniciaram despedimentos

Uma empresa ligada ao fornecimento da Boeing atribuiu a responsabilidade dos despedimentos à Boeing e à suspensão do modelo 737-Max, cujo destino ainda se mantém incerto.
1 Fevereiro 2020, 16h57

A Boeing anunciou as maiores perdas dos últimos 20 anos, apontou o novo diretor-executivo da fabricante de aeronaves, Dave Calhoun, revela o ‘The Guardian’. Ainda assim, Calhoun deixou uma mensagem de esperança aos investidores: “Vamos ultrapassar isto”.

Embora a mensagem passada pelo novo diretor-executivo, que passou a liderar a empresa já depois da queda dos dois aviões 737-Max, tenha sido positiva, os trabalhadores não se mostraram convencidos, depois de ver a produção parada por tempo indefinido.

A crise dos 737-Max mostrou que a fabricante norte-americana pode ter prejuízos, pela primeira vez desde 1997. Durante a apresentação dos resultados anuais, a empresa verificou prejuízos de 636 milhões de dólares, sendo que as receitas anuais também apresentaram decréscimo de 76 mil milhões de dólares, uma quebra de 24% em relação a 2018.

Depois da produção da aeronave ter sido suspensa pela Federação de Aviação, milhares de trabalhadores da empresa viram os seus postos de trabalho extintos. Atualmente, o custo da paragem brusca da produção da Boeing está a custar 19 mil milhões de dólares. Também o governo norte-americano apontou que a economia do país está a sofrer consequências e a prejudicar outras empresas.

“Estou preocupado com as minhas contas e sobre como as vou pagar”, afirmou Jordan Simoens, mecânico de chapas metálicas da Spirit AeroSystems, um dos 2.800 funcionários despedidos recentemente.

A Spirit, um dos maiores fornecedores de peças da Boeing, empregava perto de 13 mil trabalhadores, no Kansas, antes dos despedimentos. A empresa demitiu ainda perto de 130 trabalhadores de outra fábrica em Oklahoma e outros tantos da fábrica em Tulsa. O porta-voz atribuiu a responsabilidade das demissões à suspensão da produção do modelo 737-Max e à “incerteza contínua sobre o momento em que a produção será retomada e o nível de produção quando será retomada”.

John Philips também foi despedido da Spirit e sustenta que “agora estamos a sentir um misto de emoções: confusão, raiva e tristeza. Temos famílias para cuidar e os nossos rendimentos [com compensação] terminam a 10 de março”.

O ‘The Guardian’ aponta que os funcionários despedidos vão receber indemnizações até ao dia 10 de março, enquanto os trabalhadores que ainda têm o posto de trabalho assegurado estão preocupados com a possibilidade de existirem mais cortes de emprego.

“O futuro de todos é incerto”, disse um dos trabalhadores que conseguiu assegurar o posto de trabalho. “Até a produção do 737-Max recomeçar, ninguém está seguro. A Spirit e todas as empresas que têm contratos com a Boeing estão em risco”.

“Todas as empresas têm de tomar as medidas necessárias para garantir as receitas futuras e a estabilidade dos negócios. Infelizmente, isso significa mais demissões. Nenhum trabalho significa força de trabalho reduzida. Parece que os únicos que não pagam pelos erros da Boeing é a própria Boeing”, sublinhou.

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