O “Future of Jobs Report 2025, do World Economic Forum, oferece-nos uma visão do futuro que desafia o tom de receio que tantas vezes domina o debate sobre o impacto da utilização da inteligência artificial. Em vez de reforçar a ideia de que a tecnologia ameaça empregos, o relatório convidou-nos a imaginar um mercado de trabalho onde humanos e máquinas se complementam, e onde a vantagem competitiva nasce da capacidade de aprender, adaptar e pensar de forma crítica.

A grande questão deixa de ser “como evitar ser substituído?”, para passar a ser “como aproveitar esta transformação para crescer e ganhar relevância num mundo cada vez mais digital?”.

Os dados são elucidativos. Embora hoje menos de metade dos empregadores considere competências em IA e tratamento de dados como essenciais, esta tendência está prestes a mudar rapidamente. O relatório antecipa um crescimento de 87% na procura por competências relacionadas com “IA e big data” até 2030, o maior aumento entre todas as áreas analisadas.

Esta evolução indica que o futuro do trabalho será inevitavelmente tecnológico, mas também deixa uma mensagem clara: quem investir desde já na literacia digital não está apenas a acompanhar o mercado, está a posicionar-se à frente dele. E esta não é uma corrida reservada a especialistas em informática, mas sim um movimento que atravessa sectores, funções e níveis de experiência.

Ao mesmo tempo, as competências humanas não só continuam a ser valorizadas, como se tornam ainda mais determinantes. O pensamento analítico é referido como a competência mais procurada por 69% dos empregadores, seguido da resiliência, flexibilidade e agilidade, essenciais para 67% das organizações. Esta ênfase revela algo importante: num ambiente em constante transformação, quem souber interpretar informação, adaptar-se rapidamente e agir com confiança diante da incerteza terá sempre um lugar privilegiado.

Então vale a pena perguntar: como podemos, individualmente, tornar-nos mais preparados para enfrentar mudanças repentinas? Que hábitos ou atitudes precisamos de cultivar para responder com agilidade a desafios novos? E o que fizemos ao longo destes quase doze meses passados desde a publicação do relatório para nos prepararmos?

A criatividade surge igualmente como competência central, apontada por 57% dos empregadores. À medida que a IA automatiza tarefas repetitivas, abre espaço para que as pessoas se concentrem no que sabem fazer melhor, ou seja, imaginar soluções novas, combinar ideias, resolver problemas complexos. Isto conduz-nos a outra questão essencial: que problemas do nosso dia-a-dia poderiam transformar-se em oportunidades se lhes dedicássemos um olhar mais criativo?

O relatório reforça ainda o valor de capacidades como empatia, escuta ativa, curiosidade e aprendizagem contínua, todas consideradas essenciais por uma larga maioria de empregadores. O futuro, afinal, será tanto sobre tecnologia quanto sobre humanidade, mas porque insistimos em ignorar esta perspetiva?

A leitura optimista que o “Future of Jobs Report 2025” nos permite fazer é simples, mas poderosa: não estamos perante um apocalipse laboral, mas sim perante um momento de transição que recompensa quem investe no seu próprio desenvolvimento. Preparar-se para este futuro implica explorar a IA como ferramenta e não como ameaça, fortalecer a literacia digital, manter viva a curiosidade e cultivar competências humanas que a tecnologia não consegue replicar.

A verdadeira questão passa a ser: que passo podemos dar hoje que nos aproxime de um futuro profissional mais sólido, mais criativo e mais alinhado com as oportunidades desta nova era? O futuro pertence a quem escolhe preparar-se e a janela para o fazer nunca foi tão clara.