Interrompemos a série “Brasil para Principiantes” para analisar um movimento de repercussão internacional que promete impactar profundamente a política brasileira: a vitória de Donald Trump.

Eduardo Bolsonaro, presente na residência do presidente eleito dos Estados Unidos, foi um sinal; e a celebração pública pela extrema-direita brasileira — em especial, do bolsonarismo — uma confirmação. O Brasil está a caminho de um novo capítulo de tensão institucional e polarização narrativa.

Esse alinhamento entre Trump e Bolsonaro reacende o fôlego político do grupo conservador, que se prepara para um embate nas eleições de 2026 com foco estratégico nas instituições brasileiras, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF).

Com Trump como símbolo e exemplo de resistência contra o sistema, a direita populista brasileira tende a intensificar seu discurso de confronto contra o STF e demais instituições.

A pauta é clara: explorar processos judiciais em andamento, levantando suspeitas e promovendo a ideia de que o sistema está contra o “povo”. Essa estratégia visa gerar desconfiança e mobilizar um eleitorado cada vez mais fiel, que vê nas instituições tradicionais — sobretudo no STF — obstáculos à “vontade popular.”

Esse movimento é potencializado pela presença de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, que confere uma legitimidade simbólica ao estreitamento dessa aliança transnacional de direita.

Esse cenário representa um novo desafio aos institucionalistas brasileiros, que precisarão reformular seus processos de comunicação para enfrentar os populistas digitais, cuja habilidade em mobilizar as massas através das redes sociais é notória.

A grande questão que se coloca para as forças institucionalistas é se elas conseguirão, em tempo hábil, adaptar suas estratégias para evitar uma erosão da confiança pública. Isso exigirá um diálogo direto e acessível, capaz de competir na esfera digital e que reafirme o valor de uma narrativa progressista que hoje a sociedade considera antiquada e como sendo o próprio establishment.

Do outro lado da balança pesam os negócios. Neste capítulo, a pulsão protecionista de Trump, já vista no seu primeiro mandato, pode prejudicar a economia brasileira, e com isso empoderar popularmente uma narrativa anti-americana na maior economia da América Latina.