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Lucros do Abanca recuaram 60% para 160 milhões em 2020

As provisões de 273 milhões de euros realizadas em 2020 colocam o custo do risco em 0,70%. Os resultados de 2020 caíram 60% face a 2019. O factor positivo que mais se destaca no banco galego é o seu baixo rácio de crédito malparado que está em 2%.
3 Fevereiro 2021, 10h58

O Abanca obteve um resultado líquido atribuível de 160 milhões de euros em 2020, após constituir 273 milhões de euros em provisões para acautelar o impacto da Covid-19, e com o objetivo de enfrentar o ano de 2021 com uma posição sólida. O resultado traduz uma queda de 60% face ao ano anterior quando registou lucros de 405 milhões de euros.

Os resultados do exercício refletem um crescimento da margem financeira (11,9%) e das receitas de comissões (14%), que dão lugar a um aumento de 12,4% da margem básica. Pelo contrário, os gastos registaram um crescimento muito inferior, de 3,9%, “graças à implementação de medidas de eficiência e às sinergias decorrentes das integrações de negócio realizadas”.

As provisões de 273 milhões de euros realizadas em 2020 colocam o custo do risco em 0,70%.

O volume de negócios aumentou 7,5% “graças ao crescimento equilibrado do crédito (6,6% face ao período homólogo) e dos recursos (8,5%) para os 91.480 milhões de euros”. Considerando a integração do Bankoa, o Abanca supera agora os 95.000 milhões de euros de volume de negócios, mais 12,7% do que no ano passado. Em termos de balanço, a carteira de crédito em situação normal, centrada no financiamento a empresas e famílias, cresceu 6,6%.

Os recursos de clientes alcançaram os 52.380 milhões de euros, depois de terem registado um crescimento de 8,5% no ano. Os depósitos de clientes, principal componente da estrutura de financiamento do banco, cresceram 11,3% e alcançaram os 42.541 milhões de euros.

Na área dos seguros e a captação de recursos fora do balanço mostram a mesma tendência de crescimento. Os recursos fora do balanço cresceram 10,1%, o que permitiu aumentar as quotas de mercado em fundos de investimento (16 pb), planos de pensões (11 pb) e seguros de vida (4 pb).

Os prémios de seguros gerais e de vida cresceram 14,4%, com um comportamento muito homogéneo nos diferentes segmentos: +17% nos ramos de saúde e empresas, +16% nos ramos de lar e vida, avança o banco.

O banco tem uma taxa de morosidade (rácio de NPL – Non Performin Loans) de 2% e uma cobertura de 81,2%, o que o coloca numa posição de liderança no setor financeiro espanhol no que toca à qualidade dos ativos.

“A redução de 22,4% dos ativos de cobrança duvidosa situou a taxa de morosidade num nível que representa praticamente metade da média espanhola (3,9%) e claramente abaixo da média europeia (2,9%)”, diz o banco liderado por Francisco Botas.

A redução em 22,4% dos ativos de cobrança duvidosa no ano de 2020 situou o rácio de crédito malparado sobre o total da carteira nos 2,0%, praticamente metade da média espanhola (3,9%) e claramente abaixo da média europeia (2,9%). Para isso contribuiu a última venda de carteira realizada pelo banco, no valor de 250 milhões de euros, explica o banco espanhol que tem uma sucursal em Portugal.

A taxa de cobertura de ativos não produtivos situou-se nos 72,1%, a mais alta do setor. A cobertura de créditos duvidosos é de 81,2%, com destaque para a taxa de cobertura de 101,7% nas PME e nas grandes empresas, enquanto nos ativos imobiliários a taxa é de 61,8%.

“Tudo isto permite que o Abanca se apresente como a primeira entidade financeira espanhola no que toca à solidez financeira, tal como demonstra o rácio Texas que fica abaixo dos 30%, situando-se nos 27,7%”, diz a instituição.

O banco espanhol está a apresentar os seus números anuais em conferência de imprensa.

Segundo o comunicado do Abanca, os resultados do ano “refletem um crescimento robusto da margem financeira (11,9%) e das receitas por prestação de serviços (14%), que contribuem para um aumento de 12,4% da margem básica. Pelo contrário, os gastos registaram um crescimento muito inferior, de 3,9%, graças à implementação de medidas de eficiência e às sinergias provenientes das integrações de negócios realizadas”.

Durante o ano de 2020, o banco continuou a aumentar o seu volume de negócios que, considerando a integração do Bankoa, já está acima dos 95.000 milhões de euros.

O Abanca destaca as operações de financiamento com o aval do estado no montante de 3.128 milhões de euros (1.754 milhões para PME e ENI´s (empresários em nome individual)  e 1.374 milhões para grandes empresas).

As formalizações de operações com o aval do Estado representaram 19,3% do crédito total do Abanca para PMEs e grandes empresas. O banco aplicou, além disso, medidas de moratórias de crédito no montante de 1.257 milhões de euros, dos quais 802 milhões dizem respeito a hipotecas e 455 milhões a outras operações de financiamento.

“Isto significa que 5,6% da carteira de crédito hipotecário e 5,8% da carteira de crédito ao consumo foram apoiados durante este período difícil”, diz o Abanca.

No final de 2020, o rácio de capital do banco galego aumentou para 17,9%, o que significa 570 pontos-base (1.710 milhões de euros) acima dos requisitos de capital total.

O rácio de capital de máxima qualidade, CET1, subiu para 13,7%, com um excesso de 572 pontos-base (1.716 milhões de euros) sobre os requisitos.

Nos primeiros dias de 2021, o Abanca realizou uma emissão de dívida de elevada subordinação, AT1 (adicional Tier 1), a primeira do ano no sector, com uma procura equivalente a 5,7 vezes a oferta e um valor emitido de 375 milhões de euros. O banco colocou esta emissão com juros a 6%.

Depois desta emissão, o Abanca concluiu os requisitos de dívida classificada como AT1 e Tier2 e ampliou a sua margem face aos requisitos regulatórios.

O banco que tem com Chairman Juan Carlos Escotet conta com uma situação de liquidez confortável baseada em depósitos de retalho, principal componente da estrutura de financiamento e que representa 72% do total.

O banco tem um rácio de créditos sobre depósitos de retalho (Loans to Deposits) de 91,9% e dispõe de 18.750 milhões de euros entre capacidade de emissão de obrigações (5.288 milhões de euros) e ativos líquidos (13.462 milhões de euros). Desta forma, cobre mais de quatro vezes os vencimentos previstos de emissões.

Os rácios de financiamento líquido estável (NSFR) e de cobertura de liquidez (LCR) são de 132% e 291%, respetivamente.

O Abanca comprou no ano passado a Nueva Pescanova (que nasce depois de a empresa espanhola Pescanova ter entrado em dificuldades financeiras) e controla 80,46 % depois de adquirir as participações do Sabadell e Caixabank por 175 milhões de euros. O banco procura um sócio industrial segundo a imprensa espanhola.

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