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Academia quer contribuir para o combate a emergências

O caso mais mediático poderá ser o do estudo sobre os incêndios de Pedrógão. Há múltiplas investigações em curso que podem ajudar no combate a emergências, em muitos casos com recurso a Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
Regis Duvignau/Reuters
26 Dezembro 2017, 07h15

No âmbito do projeto Wise, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e a Tekever estão a desenvolver um “drone” que poderá vir a ajudar a ultrapassar problemas nas redes de comunicações de emergência, em caso, por exemplo, de incêndios ou cheias.

O projecto, que envolve um investimento de cerca de 180 mil euros, está em fase de desenvolvimento e o objetivo é existir um protótipo pronto no primeiro semestre de 2019, avançou fonte oficial do projecto ao Jornal Económico.

As duas organizações estão a trabalhar no âmbito do projeto Wise, uma solução de comunicações sem fios, baseada na utilização de “drones” como pontos de acesso “voadores”. Deste modo, o dispositivo poderá “estabelecer, reestabelecer e reforçar comunicações sem fios” de banda larga, em cenários de emergência.

Quando concluída, a solução poderá substituir ou complementar o método atual que passa pela “instalação de estações de base móveis temporárias que são suportadas em camião”. Além de ter “uma flexibilidade de posicionamento reduzida”, o método atual assenta “maioritariamente em ligações via satélite com custos elevados e limitações de largura de banda”, explica Rui Campos,?responsável pela área de redes sem fios do Centro de Telecomunicações e Multimédia do INESC TEC.

Com a solução em desenvolvimento, será possível ajudar as equipas de emergência no terreno quer para as populações, mas também “alargar temporariamente a cobertura [de rede] a zonas remotas”.

O projeto Wise (junho 2016 a maio de 2019), no âmbito do qual está a ser desenvolvido este “drone”, é financiado por Fundos FEDER, através do COMPETE 2020, e por Fundos Nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Sensores IoT na Quinta do Pisão

A Smart Forest, um dos vencedores do concurso Big Smart Cities, vai desenvolver a sua prova de conceito, que consiste na implantação de uma solução de prevenção de incêndios em Cascais.

A startup Smart Forest vai testar a sua solução de prevenção de incêndios em Cascais, a “primeira cidade experimental para startups”, anunciou a Vodafone em comunicado.

O projecto, que passará agora para uma fase de instalação de sensores IoT na Quinta do Pisão, foi um dos três vencedores, em Julho, do Big Smart Cities, um concurso de empreendedorismo promovido pela Vodafone Power Lab e pela Ericsson.

O projecto piloto arrancou este fim-de-semana com a instalação de cinco equipamentos. Com a instalação de sensores IoT na Quinta do Pisão, a Smart Forest “vai recolher informações cruciais para a prevenção de incêndios, tais como os níveis de dióxido de carbono, humidade, força e direção do vento”. Os dados, depois de captados, são transmitidos pela rede móvel da Vodafone para um “gateway” que, através de um sistema de inteligência artificial, analisa e interpreta a informação, desencadeando alertas em caso de risco de incêndio.

Supercomputação ao serviço do combate a desastre naturais

O estudo tornou-se mediático no início do mês, quando o Parlamento pediu para aceder ao relatório, na íntegra, realizado pela equipa de Xavier Viegas. Em causa estavam os casos concretos de cada uma das vítimas do incêndio.
No entanto, o estudo versou também sobre a análise dos padrões de propagação de incêndios. Há algumas semanas, antes do estudo se tornar mediático, o Jornal Económico esteve numa sessão de esclarecimento sobre supercomputadores (HPC), no qual o professor da Universidade de Coimbra, Pedro Alberto, referiu o trabalho em desenvolvimento por aquela equipa.

O coordenador do Laboratório de Computação Avançada da Universidade de Coimbra, explicou que para o desenvolvimento de parte da investigação sobre a propagação dos incêndios foi utilizado o supercomputador da universidade de Coimbra.

A supercomputação “permite estudar a propagação dos fogos através da utilização de meios sofisticados para o desenvolvimento de modelos”. “Foi um trabalho com alguma dimensão”, assinalou. Os resultados para já são “preliminares, mas já é um começo”, assinalou Pedro Alberto.

Os sistemas de supercomputação são bastante complexos e dispendiosos, em parte devido aos custos de manutenção e consumo de electricidade, pelo que têm de ser rentabilizados não só com o trabalho no seio da Universidade, mas através da distribuição da capacidade disponível por outros projectos.

Os supercomputadores, associados a software “bastante preciso” podem ajudar a prevenir alguns fenómenos naturais, ou a mitigar os efeitos de fenómenos imprevisíveis. “Não se conhece todas as leis da natureza, mas o que se conhece já é suficiente para colocar num algoritmo de computador”, explica.

“Depois de começarem, é possível prever os percursos de furacões” e assim que se detecta um terramoto pode antecipar-se o surgimento de tsunamis “com a antecedência suficiente para ajudar as populações”.

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