Passam hoje 40 anos sobre assinatura dois Acordos de Paz de Camp David, negociados na casa de campo do então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, em Maryland (chamada Camp David) e assinados na Casa Branca pelo presidente Anwar Sadat, do Egito, e pelo primeiro-ministro Menachem Begin, de Israel. Um acordo de paz que, tudo indicava na altura, não iria levar a questão do conflito entre Israel e a Palestina – que em 1978 comemorava 30 anos, precisamente os mesmos que Israel cumpria como país independente – a parte nenhuma.
40 anos depois, confirma-se: a paz entre os dois povos está mais distante do que alguma vez esteve nos últimos 70 anos – e não há nenhum governo ou estadista que prevejam como possível que o conflito venha a ser resolvido nas próximas décadas.
A razão que tornava óbvia a falência da paz assinada há 40 anos era simples: depois de assinar os acordos de Camp David com Israel, o Egipto foi pura e simplesmente suspenso da Liga Árabe – e só nela reentrou muitos mais tarde, nos finais dos anos de 1980. Dos restantes países, só a Jordânia seguiria os passos do Egipto, assinando um tratado de paz com Israel em 1994 – mantendo-se o agregado como um forte beligerante face ao país criado de forma tremendamente controversa em 1948.
Os papéis que há 40 anos levaram a assinatura de Begin, Sadat e Carter já encerravam os pressupostos que ainda hoje se mantém: disposições sobre a questão palestina, desocupação da Península do Sinai por Israel, limitações militares na fronteira comum, solução pacífica de controvérsias, extinção de boicotes económicos, direitos de passagem.
Só os mais otimistas conseguiram descobrir alguma virtude na assinatura do acordo de 17 de setembro: era ao menos a prova de que árabes e israelenses eram capazes de dialogar de forma positiva.
Atualmente, esse diálogo está absolutamente bloqueado – principalmente desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (contra todos os seus parceiros internacionais, nomeadamente a ONU e a União Europeia), decidiu conceder a Jerusalém o estatuto de capital do Estado de Israel, com a exclusão de todas as outras nações.
De então para cá, o mundo ficou mais perigoso: a tensão entre Israel e o Irão, entre Israel e a Turquia, entre Israel e a Palestina, subiu fortemente. Os conflitos na fronteira comum entre Israel e a Palestina aumentaram e, como esperavam muitos analistas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, radicalizou o país – nomeadamente tornando-o numa nação que repudia todos os que não sejam judeus.
Neste momento, ninguém acredita que a paz entre Israel e a Palestina venha a ser uma realidade nas próximas décadas – por muito que alguns políticos europeus (com o presidente francês Emmanuel Macron à frente) continuem a inscrever a paz na região nas suas agendas pessoais.
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