O ministro do Ambiente anda de polémica em polémica, da energia do hidrogénio à do lítio, do abate ilegal de centenas de animais numa caçada na zona centro, ao negócio de venda das barragens sem pagamento de impostos, da expansão da linha circular do metro de Lisboa aos diversos problemas dos aterros pelo país fora, às águas do Alto Minho, dos infindáveis Programas Polis à gestão das águas nacionais, entre tantos e tantos casos que tem vindo a protagonizar.

Este ministro é um dos exemplos da falta de humildade que caracteriza a postura geral deste Governo minoritário, que se comporta amiúde como se tivesse maioria absoluta, dialogando muito pouco e alimentando polémicas, contra a vontade das populações, como o que aconteceu por ocasião das comemorações do Dia da Liberdade.

A população contestou, com mais de dois milhares de consumidores na rua, reclamando a forma como o serviço (público) é prestado por uma empresa de parceria pública, a AdAM – Águas do Alto Minho perante os lapsos excessivos de faturação que nos últimos dois anos foram feitos e os inaceitáveis erros de gestão que têm persistido.

A AdAM foi constituída com o objetivo de “prestar um serviço mais fiável, eficaz e de qualidade, através de uma gestão eficiente dos recursos naturais, das infraestruturas e dos serviços de operação e manutenção, promovendo a melhoria da qualidade da água e reduzindo perdas de águas e infiltrações”. Por outro lado, afiançava “garantir o cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e atuar de acordo com as melhores práticas do setor da água em Portugal, garantindo um atendimento próximo e eficiente a todos os nossos clientes”.

Contudo, ao fim de dois anos de existência, a realidade demonstra que a fiabilidade diminuiu e a qualidade do serviço baixou inaceitavelmente. Ao longo de 2020, registaram-se problemas graves com a faturação aos clientes. Em muitos casos, a conta não correspondia à água consumida, chegando mesmo a ser apresentadas contas desproporcionadas. As anomalias terão atingido 15 mil consumidores e o balanço é preocupante, pois têm-se acumulado as queixas por parte dos cidadãos e de outros agentes do território.

Instalou-se um clima de desconfiança e de descrédito que tem vindo a comprometer os objetivos de melhorar o serviço de abastecimento de água nestes sete municípios. Perante isto, o Governo e respetiva tutela vão apenas mudando os administradores executivos da empresa, e em dois anos, já lá vão quatro novos, pois têm mostrado dificuldades na criação de condições de estabilidade e fiabilidade na prestação do serviço.

São dois anos de erros grosseiros e de má gestão, com reflexos inaceitáveis que comprometem o interesse público e a resolução do conflito instalado. Urge encontrar uma nova solução, que pode passar pela reversão de todo o processo, pelo menos neste concelho, no pressuposto de que haja a possibilidade jurídica de rescindir por justa causa, sem entrega de qualquer valor compensatório e receção do património próprio deste município.

Perante tanta incompetência do Estado Central na gestão de uma pequena empresa de distribuição de um bem público, que se tem tornado tóxica para os consumidores, fica a pergunta: quantas mais AdAM não haverá por aí?