No próximo dia 4 de dezembro completar-se-á o 38.º aniversário da morte de Adelino Amaro da Costa. Um nome incontornável da história democrática portuguesa. O estadista de exceção que perdeu a vida ao serviço da pátria e que recebeu apenas duas condecorações a título póstumo: a Medalha Militar de Ouro de Serviços Distintos, e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

O homem que, após o 25 de Abril, irrompe na vida política como um furacão, que define o espaço ideológico da direita humanista e cristã, que rejeita com coragem o comunismo de Cunhal e o socialismo de Soares, que redige os detalhes programáticos daquele que seria o único partido do espectro pós-revolucionário que não assumia compromissos com a esquerda, fosse ela de inspiração marxista ou não.

O homem que define como o grande desígnio da sua luta política melhorar a sociedade através do respeito profundo pela pessoa humana, que promove a liberdade de espírito e a criatividade individual, que incita à via reformista para conservar e que insiste na necessidade de mudar e modernizar Portugal.

Todos aqueles que reconhecem a grandeza da sua ação esperaram pela homenagem justa ao Homem e ao Estadista e ao fim de quase 40 anos ela surgiu pela mão de um grupo de independentes, que decidiu realizá-la na instituição por excelência para personalidades desta dimensão: a fundação Calouste Gulbenkian.

Após confirmação definitiva da sala, do dia e da hora por parte da mesma, foram convidados para oradores: o presidente do CDS à época, a Dra. Teresa Costa Macedo, sua amiga pessoal e secretária de Estado da Família do governo em que Adelino assumiu a pasta da Defesa, um administrador da fundação em representação da mesma e eu próprio, posto o que foram enviados os convites para centenas de pessoas, tendo confirmado presença mais de uma centena.

Há poucos dias soubemos que a fundação Calouste Gulbenkian cancelara o evento por indisponibilidade de sala. Uma nódoa inqualificável na credibilidade e na seriedade desta instituição.

Duas perguntas para as quais se deveria exigir respostas urgentes: quais as verdadeiras razões que terão levado uma instituição de reconhecida credibilidade como a Gulbenkian a cancelar esta homenagem e por que razão a direção do CDS-PP na pessoa da sua presidente não se insurgiu publicamente contra esta desconsideração à memória do fundador do partido e seu maior ideólogo?

Talvez um dia consigamos respostas para estas perguntas. Para já fica a consternação e a revolta de todos os que não se conformam que se tente evitar recordar Adelino.