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Adiar os Jogos Olímpicos pode custar mais de 11,6 mil milhões de euros ao governo japonês

Até que se possa começar a pensar em perspetivas de rentabilidade, os nipónicos terão de esperar (no mínimo) um ano, até ao verão de 2021, para saber se o país e o mundo, estão preparados para se envolverem novamente num evento desportivo deste calibre.
25 Março 2020, 16h45

O custo de organizar um evento desta magnitude poderá agravar a já débil economia japonesa, uma vez que devido ao estado de quarentena em que se encontra o país, e o histórico adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020, representam perdas totais de 11,6 mil milhões de euros, segundo a “AFP”.

Inicialmente e, muito antes sequer de se imaginar as consequências que uma possível epidemia poderia ter no país, e atualmente no resto do mundo, o Japão num esforço coletivo financiou o projeto quase na totalidade. A cidade de Tóquio comparticipou com 4,9 mil milhões de euros, o Comité Olímpico do Japão (COJ) com 5 mil milhões de euros e, por fim, o governo central com 1,2 mil milhões de euros.

Até que se possa começar a pensar em perspetivas de rentabilidade, os nipónicos terão de esperar (no mínimo) um ano, até ao verão de 2021, para saber se o país e o mundo, estão preparados para se envolverem novamente num evento desportivo deste calibre, onde estarão presentes milhares de atletas e milhões de espectadores, claramente um cenário impensável na atualidade.

Os investimentos acima mencionados não incluem as parcerias estabelecidas entre grandes empresas e o COJ, respetivos aos direitos de patrocínio das várias modalidades. Destacam-se a Toyota, a Panasonic e a Bridgestone.

De acordo com Toshiro Muto, principal responsável pela organização dos Jogos Olímpicos de 2020, a recuperação dos investimentos é ainda uma incógnita “A política básica de adiamento foi decidida hoje. Como exatamente vamos conseguir o adiamento? Isso será discutido entre nós e o Comité Olímpico Internacional”.

O adiamento dos Jogos Olímpicos pode prejudicar o turismo e o consumo geral no país, já sob pressão após um controverso aumento dos impostos sobre vendas no ano passado. O turismo no Japão já estava a atravessar um período conturbado mesmo antes da pandemia de coronavírus, a meio de uma disputa diplomática com a vizinha Coreia do Sul que levou a vários boicotes. Visitantes da Coreia do Sul compunham o segundo maior contingente de turistas no Japão, atrás apenas da China.

Com a pandemia de Covid-19, o Japão viu uma queda adicional nos números sul-coreanos, bem como uma queda nos viajantes da China, que juntos representaram quase metade dos 31,9 milhões de visitantes estrangeiros no país em 2019.

Até agora, já foram vendidos 4,5 milhões de bilhetes no Japão, com cerca de 7,8 milhões vendidos no total, 20 a 30% deles internacionalmente. Como  é que o adiamento afetará esses tickets está por apurar.

Economistas da SMBC Nikko Securities, disseram na terça-feira, dia 24 de março, que o adiamento dos Jogos reduziria o PIB do país este ano em cerca de 5,5 mil milhões de euros. Mas acrescentaram que existe o potencial de a mesma quantia ser recuperada quando os Jogos forem realizados, cancelando efetivamente as perdas.

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