Em 2016 na Universidade da Georgia, o curso de mestrado à distância, coordenado pelo professor Ashok Goel incluía, na sua equipa, a assistente Jill Watson, com a função de orientação de fóruns e esclarecimento de dúvidas.

Durante o curso, a assistente, permanentemente disponível e atenta, respondeu a cerca de 40 000 perguntas, de 300 estudantes, com um acerto superior a 90%. Apenas no final da formação, um estudante se apercebeu que a muito disponível e competente assistente poderia não ser humana! Efetivamente a equipa usava o ecossistema Watson da IBM e provava que algo de surpreendente poderia passar a ser possível com a Inteligência Artificial (IA).

Desde 2014, a China usa a solução da Squirrel AI para analisar pontos fortes e fracos de mais de um milhão de estudantes, para fazer tutoria e criar percursos de aprendizagem personalizados. Os mais atentos à evolução tecnológica conheciam outros marcos que tornavam progressivamente possível os desafios pioneiros de Alan Turing, como eram os avanços da IBM, da DeepMind e da OpenAI que no final do ano de 2022, permite o acesso generalizado ao seu modelo de inteligência artificial generativa GPT.

A humanidade vai-se apercebendo do potencial da Inteligência Artificial (IA), em todos os domínios da atividade humana, e das ameaças que lhe estão associadas no seu estádio atual de disponibilidade pública.

De forma simplificada poderemos identificar que, no domínio do ensino superior, a adoção da IA artificial pode ser equacionada na investigação, no ensino com IA, no ensino para um mundo com IA e no ensino da IA. Esta aparente simplificação comporta novos desafios à integridade académica e científica que preocupa as universidades no cumprimento da sua missão e na defesa dos seus valores humanistas.

Focando-nos no Ensino com IA perspetiva-se o potencial na produtividade das equipas docentes ao adotar a IA como um assistente no planeamento, na avaliação (testes formativos, grelhas de avaliação, feedback e avaliação automática). Mas também na tutoria de estudantes (chatbot), identificação de lacunas formativas e curadoria de recursos de recuperação.

As Adaptative Learning Platforms, integrando as restantes possibilidades da IA, poderão contribuir para resolver o 2σ Learning Gap identificado por Bloom, em 1984, em que um aluno médio, sendo individualmente apoiado, consegue recuperar duas vezes o desvio padrão na sua avaliação.

Também o Analytics (academic, learning e formative) será mais automático e integrado nas plataformas para, em diferentes níveis de gestão, criar alertas que permitam tentar evitar o fracasso e proporcionar inovação pedagógica.

No âmbito do ensino, estudos exploratórios (AI in Education Microsoft Study, November 2023) mostram a utilização que os líderes, docentes e estudantes fazem da IA e que receios identificam, que são úteis para compreendermos as práticas atuais e definir estratégias de adoção, políticas de exploração e meios de monitorização.