África está cheia de bombas-relógio prontas a rebentar a qualquer momento, quer pela instabilidade política de muitos países saídos de processos traumáticos de independência, quer pelas rivalidades tribais mantidas ao longo do tempo.
Embora a comunidade internacional esteja alertada para este facto, mantém-se cúmplice das superpotências que, pela riqueza de África em recursos naturais e pela posição estratégica de muitos Estados, continuam com armamento a alimentar a guerra fria entre nações.
Segundo dados estatísticos de 2016 fornecidos pela Economic and Peace’s, a República do Congo e o Uganda representam o quinto e oitavo lugares no ranking dos dez piores países no mundo no que respeita a homicídios, violência sexual e segurança.
O fluxo de capitais ilegais continua a ser um dos principais fatores que tem influenciado a instabilidade económica e política em muitos países de África. Além disso, os conflitos armados e o crime organizado são os maiores catalisadores do impacto económico nos países da região. Os conflitos internos são hoje a maior causa de deslocação da população africana, verificando-se um maior fluxo na República do Congo, Sudão e Nigéria.
Também o terrorismo que avançou enormemente na região, já que entre 2015 e 2016 as mortes por esta causa aumentaram 80%, tem contribuído para o aumento do número de refugiados africanos no mundo. Há que reclamar urgentemente um reforço do papel do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.
As posturas de peacekeeping e intervenção continuada em casos de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade são cada vez mais imperiosas num contexto de diplomacia preventiva, tal como o reforço do prestígio a nível mundial do Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos. As políticas de segurança e defesa em África, conduzidas em regra à luz de acordos de cooperação bilaterais, devem passar cada vez mais pela cooperação multilateral. Esta cooperação estratégica de todos sem exceção, com vista a uma arquitetura de paz e segurança, deve ser promovida pela comunidade internacional por forma a incitar o diálogo e as convergências em domínios cada vez mais delicados como o terrorismo, o crime organizado e a violência tribal. Urge assim que a ONU, a UE e a NATO desenvolvam políticas e estratégias multidisciplinares, nomeadamente na aquisição de meios e na edificação de capacidades para que a sustentabilidade do continente africano seja uma realidade possível de alcançar.
Subestimar as consequências dos problemas desta região é o maior erro que pode estar a ser cometido atualmente, está pois na hora de o corrigir.