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AG do BCP aprova compensação parcial dos cortes salariais dos colaboradores

A reunião decorreu hoje por meios telemáticos. Os acionistas enviaram previamente as questões e Pedro Rebelo de Sousa leu as declarações de voto. Os minoritários da Maxyield contestam a não distribuição de dividendos e o regresso do BCP a ‘penny stock’ e o SNQTB fala em omissão do fosso remuneratório entre administração executiva e demais colaboradores.
  • Cristina Bernardo
20 Maio 2020, 19h25

Os seis pontos que foram levados à Assembleia Geral do BCP foram aprovados por esmagadora maioria dos acionistas, apesar das 40 perguntas dos acionistas minoritários, agrupados na Maxyield.

Estiveram presentes 61,2% do capital, dos quais 9% eram acionistas minoritários.

As perguntas enviadas a Nuno Amado e Miguel Maya, Chairman e CEO, respetivamente, pelos minoritários centraram-se à volta da não distribuição de dividendos este ano, apesar dos bons resultados líquidos, e do facto de há 10 anos os acionistas estarem sem ser remunerados, com a agravante de as ações estarem ao nível de penny stock.

A baixa cotação das ações do BCP é uma realidade. Hoje fechou nos 0,0935 euros (+1,96%). O banco fez em 2016 um “reverse stock split” onde agrupou as ações, em nome de uma valorização individual do título (para deixar de ser penny stock). Cada lote de 75 ações do Banco Comercial Português foi agrupada em apenas uma única ação. Mas passados quatro anos o BCP volta a ser penny stock.

Miguel Maya admitiu, que dentro dos objetivos que tinha estipulado, para 2021, há dois que poderá não conseguir cumprir. Um é o objectivo de atingir um ‘pay-out’ ratio de pelo menos 40% na distribuição de dividendos e o outro é a meta do ROE (rentabilidade dos capitais próprios de 10%), uma vez que esse ROE está em 2%.

Foram 40 perguntas que Gonçalo Sequeira Braga e Carlos Rodrigues, ambos da Maxyield, enviaram à administração executiva na reunião anual, que este ano se realizou por meios telemáticos e portanto sem direito a perguntas. A pandemia esvaziou a Assembleia do BCP da tradicional contestação.

Os minoritários confrontaram o banco com o facto de os custos operativos estarem a crescer mais que o produto bancário.

Outro dos temas questionados pelos acionistas minoritários da Maxyield foram os baixos resultados antes de impostos quer da área do private banking, quer da área do corporate. Segundo Gonçalo Sequeira Braga, no private banking, os recursos de clientes de balanço somam em 2019, um total de 2,3 mil milhões e os resultados antes de impostos não ultrapassam os 12 milhões. O CEO do banco respondeu com o baixo rating do banco, que não é “amigo” da gestão de fortunas.

Já na área de corporate, o banco concedeu 12 mil milhões de euros em crédito e teve resultados antes de impostos de 11 milhões de euros, segundo Sequeira Braga.

Esta quinta-feira, 20 de maio, pelas 14h30 (hora de Lisboa), os acionistas reuniram-se em assembleia-geral por meios telemáticos, com seis pontos na ordem de trabalhos: aprovação das contas de 2019 (lucros consolidados de 302 milhões de euros), aplicação de resultados, apreciação da administração, política de remuneração dos órgãos sociais, aquisição e alienação de ações próprias e eleição da mesa da assembleia-geral (2020/2023).

Na proposta relativa à aplicação de resultados, o Conselho de Administração do banco propôs o pagamento da compensação salarial aos trabalhadores (no valor total 5,281 milhões de euros), para compensação parcial dos cortes que sofreram entre junho de 2014 e junho de 2017, e suspendeu a distribuição de dividendos, tal como já tinha anunciado.

O ponto 1, relativo à aprovação de contas de 219 foi aprovado com 99,98% dos votos. Mas o Sindicato dos Quadros Técnicos e Bancários, representado pelo seu presidente, Paulo Gonçalves Marcos, votou contra os documentos de prestação de contas, “uma vez que a negociação colectiva referente a 2019 não está concluída e não existe dotação de provisão para proceder à actualização, para 2019, das tabelas de diuturnidades, o que revela que o banco não pretende a sua atualização”.

O Sindicato defendeu ainda, na declaração de voto, que “a devolução das contribuições retidas aos trabalhadores aquando do processo de reestruturação devia ter sido feita de uma só vez e reitera a opinião que a devolução deve ser feita no mais curto espaço de tempo e pelo valor global retido”. Paulo Marcos votou a favor da proposta.

A favor da proposta de aplicação de resultados do exercício de 2019 e na qual está prevista a devolução das retribuições retidas aos trabalhadores.

Foi também aprovada a deliberação da política de remunerações dos membros do Conselho de Administração e dos órgãos de fiscalização, com o SNQTB a abster-se porque, dizem, a proposta “é omissa relativamente ao aumento do fosso remuneratório entre membros da comissão executiva e do trabalhador médio, ferindo assim os princípios de proporcionalidade e de dignidade humana. Manifesta concordância com a premiação de mérito”.

Segundo fontes ligadas ao processo o sindicato considerou a proposta omissa porque o mecanismo dos prémios pode dobrar a remuneração anual de cada um dos membros da comissão executiva. É certo que diferido no tempo e repartido em dinheiro e ações.

O BCP ficou também autorizado a comprar a ações próprias até 10% e irá usar essa autorização para os planos de incentivos aos administradores executivos.

A reunião decorreu hoje por meios telemáticos. Os acionistas enviaram previamente as questões. Pedro Rebelo de Sousa e Octávio Paulo, da Mesa da Assembleia Geral, leram as declarações de voto.

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