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Agência Internacional de Energia descarta atirar culpas do aumento dos preços da eletricidade às renováveis

O alerta chega no dia em que o mercado ibérico negoceia o segundo preço médio diário mais alto de sempre. Para Faith Birol, as “transições para energia limpa bem geridas são a solução para os problemas que estamos a testemunhar nos mercados do gás e da eletricidade – e não a causa.”
21 Setembro 2021, 15h55

A Agência Internacional de Energia (AIE) alerta que culpa para o aumento de preços da eletricidade não é das energias renováveis, mas sim de um conjunto de fatores diversos meteorológicos, como o aumento mundial da procura ou até a diminuição da produção.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, o diretor-geral Faith Barol frisa que “os recentes aumentos nos preços globais do gás natural são o resultado de múltiplos fatores, e é pouco correto, e enganador, atribuir a responsabilidade à transição energética”.

O alerta surge na sequência de uma subida de preços no mercado da eletricidade a nível mundial que se tem verificado desde o final do mês de agosto. Por cá, a tendência foi igual, tendo atingido no passado dia 16 de setembro o valor mais elevado de sempre no mercado ibérico: 188,18 euros por megawatt hora (MWh), segundo os dados do regulador ibérico Omie.

Esta terça-feira, embora não se registe um novo recorde, os dados da Omie indicam que o preço da produção de eletricidade negociada varia entre os 196,57 euros/MWh e os 147,30 euros/MWh — fazendo deste o segundo preço médio diário mais alto de sempre.

“A situação atual recorda aos governos, principalmente numa altura em que tentamos acelerar as transições para energia limpa, a importância de fontes de energia seguras e acessíveis economicamente – em particular para as pessoas mais vulneráveis nas nossas sociedades”, frisa Birol, acrescentando acrescentando que “transições para energia limpa bem geridas são a solução para os problemas que estamos a testemunhar nos mercados do gás e da eletricidade – e não a causa.”

Segundo a AIE, o último inverno na Europa, que revelou ser “mais longo e rigoroso”, provocou uma queda nas reservas de gás. Enquanto que este factor parece desempenhar um papel importante, a agência relembra que também a nível global se tem registado vagas de frio, particularmente àquelas sentidas no Este Asiático e na América do Norte no primeiro trimestre deste ano, às quais se seguiram ondas de calor, e secas, em regiões do continente asiático e americano, como no Brasil. “Tudo isto, contribuiu para o aumento dos preços do gás”, explicam.

“Na Ásia, a procura por gás permaneceu forte ao longo do ano, impulsionada principalmente pela China, mas também pelo Japão e Coreia. Do lado da oferta, a produção de gás natural liquefeito (GNL) em todo o mundo tem sido menor do que o esperado devido a uma série de interrupções não planeadas e atrasos em todo o mundo e atrasos na manutenção em 2020”.

O comunicado da AIE lembra que o mercado europeu do gás “pode vir a lidar com mais pressão devido a falhas inesperadas no fornecimento e vagas de frio, em particular se estas ocorrerem no fim do inverno”, numa altura em que as reservas europeias de gás estão muito abaixo da média dos últimos cinco anos.

Tudo dependerá da Rússia, dizem, e de um eventual aumento da produção, sendo esta “uma oportunidade” para que Moscovo “reafirme as suas credenciais como um fornecedor fiável do mercado europeu”. No entanto, a Rússia já se mostrou indisponível para reforçar os fornecimentos de gás ao continente.

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