Quando em setembro deste ano o CEO da Open AI postou no Reddit “AGI has been achieved internally/Atingimos a Inteligência Artificial Geral internamente”, seguida do desmentido da mesma, o termo AGI – Inteligência Geral Artificial – entrou na ordem do dia. Aumentou a sua popularidade, quando, no mês de novembro, a Reuters publicou a notícia que investigadores que trabalham com IA na Open AI alertaram a direção da descoberta de que a Inteligência Artificial que poderia ameaçar a humanidade.

Independentemente das consequências de chegar a tal marco ser de grande importância e necessitarem de ser ponderadas de forma bastante crítica e atenta, o que me proponho fazer neste artigo é tentar “definir” o que é AGI e como chegamos aqui tão rápido.

A Inteligência Artificial Geral (AGI) é um conceito que começa a capturar a imaginação de muitos, pintando um futuro onde as “máquinas” não apenas executam tarefas, mas pensam e resolvem problemas de modo indistinguível dos humanos. Apesar de não haver consenso na sua definição, ou mesmo nas métricas que nos permitam dizer sem sombra de dúvida quando atingimos a AGI, utilizarei a definição da OpenAI de AGI “como sistemas autónomos que superam os humanos na maioria das tarefas que geram valor económico”, abrindo um horizonte de possibilidades que podem vir a reformular a estrutura de nossa sociedade.

 

Imagem criada pelo autor através de inteligência artificial

 

A AGI representa uma quebra paradigmática na trajetória da tecnologia. Em vez de sistemas de IA especializados, a AGI promete uma flexibilidade e adaptabilidade que é, até agora, do domínio exclusivo dos seres humanos. Isso significa que, em teoria, uma AGI poderia realizar qualquer trabalho que um humano possa fazer, mas com maior precisão, eficiência e sem a necessidade de descanso ou recompensa.

O desenvolvimento de AGI passa pela integração de dados multimodais em modelos de IA que podem processar e interpretar informações de várias fontes – texto, áudio e vídeo – de maneira coesa. Com agentes autónomos no centro, a AGI poderá vir a governar sistemas complexos e executar comportamentos coletivos que atualmente exigem supervisão e coordenação humanas.

A integração de lógica e raciocínio matemático na IA é outro marco essencial no caminho para a AGI. Tais capacidades lógicas significam que uma AGI pode ser capaz de tomar decisões baseadas não apenas em vastas quantidades de dados, mas também em regras de inferência sofisticadas e compreensão conceitual.

A AGI poderá catalisar uma era de “iterações recursivas”, onde sistemas de IA contribuem para sua própria evolução e refinamento. Isso acelerará o desenvolvimento de IA de maneiras que atualmente são difíceis de imaginar, possivelmente levando a um crescimento exponencial em capacidade e aplicação. Por outras palavras, a capacidade de ser a “máquina” a construir-se a si própria num loop cada vez mais rápido, onde cada iteração é mais sofisticada do que a anterior irá potenciar avanços a um ritmo nunca antes alcançável pela investigação e desenvolvimento tradicionais.

Este avanço não vem sem desafios. A perspetiva de “máquinas” que podem superar os humanos em tarefas economicamente valiosas levanta questões importantes sobre o futuro do trabalho, a distribuição de riqueza e a própria natureza do que significa contribuir para a sociedade. A AGI pode trazer inovações e melhorias na qualidade de vida, mas também pode exigir uma reavaliação de nossas estruturas sociais e económicas.

Com um financiamento crescente para investigação e desenvolvimento em hardware, software e modelos de IA, a AGI está a tornar-se uma meta tangível. No entanto, é imperativo que avancemos com cautela e consideração pelas implicações éticas e sociais desta tecnologia disruptiva.

Em suma, a AGI é mais do que uma nova era de inovações tecnológicas. É um convite a ponderarmos profundamente o futuro que desejamos moldar. Enquanto ainda nos adaptamos às disfunções e aos desafios trazidos pela IA atual, a AGI desponta no horizonte, prometendo acelerar ainda mais o ritmo da mudança.

As escolhas que fazemos hoje irão definir se a AGI servirá como um motor de progresso humano ou se será um marco tecnológico que nos apresenta desafios para os quais ainda podemos não estar preparados. Neste contexto de transformação rápida e constante, é essencial que avancemos com prudência, garantindo que o desenvolvimento da AGI esteja alinhado com um futuro ético e equitativo para todos.