Portugal está na moda. É inegável.

Basta ler a imprensa brasileira e os muitos artigos que referem Portugal como o sítio que vale a pena visitar e ficar. Existe uma onda de interesse pelo mercado imobiliário nacional. A instabilidade que assola o gigante sul-americano está a potenciar a vontade de procurar casa no nosso país.

Os últimos tempos têm sido pródigos em notícias relativas à presença de empresas imobiliárias portuguesas em reputados eventos internacionais. São as câmaras de comércio e indústria a desenvolver ações no Brasil. Mas também o sucesso do salão de imobiliário e turismo em Paris. Sem esquecer o Portugal Real Estate Summit, em setembro, no Estoril, ou o salão imobiliário de Lisboa, no próximo mês de outubro. E ainda o Portugal International Expo, em Londres, em novembro. Também as campanhas de promoção do país se sucedem. Veja-se a recente “Houses of Portugal: Value & Style”, que promoveu as empresas portuguesas de construção e imobiliário, dando especial atenção aos mercados francês, britânico e brasileiro, e ao emergente Dubai.

Este é um setor em permanente mutação. O que hoje é verdade, amanhã é uma miragem. O seu mote tem que ser Agir, ao invés de apenas Reagir. Urge criar uma estratégia estrutural, em especial para quando se diluir a conjuntura em que Portugal se encontra. Apesar do justificado clima de otimismo, com investimentos estrangeiros acima de 2 mil milhões de euros só em 2016, ou a venda de 35.178 habitações no primeiro trimestre deste ano (mais 19% face ao período homólogo de 2016), importa assumir uma atitude racional.

Alguns sinais exigem atenção. Mesmo numa posição cimeira, a verdade é que em 2017 Portugal desceu do 3º para o 6º lugar no ranking dos melhores destinos para investir, organizado pelo TheMoveChannel. E os Golden Visa caíram 60% em junho face ao mês homólogo de 2016 – apenas 39,2 milhões de euros e 61 vistos concedidos (58 por via do requisito de bens imóveis), contra os 99 milhões de euros do ano transato. A esta novidade negativa somam-se as ações levadas a cabo por Espanha, que lhe permitiram ultrapassar o nosso país no investimento estrangeiro captado em 2016, cerca de 1,1 mil milhões de euros, mais 227 milhões que Portugal.

Em suma, é imperativo procurar potenciais clientes, conhecer as suas idiossincrasias, encontrar soluções para as suas dúvidas e preocupações. É um erro simplesmente aguardar pelo approach destes. Que se defina uma estratégia de comunicação da marca que inclua a participação constante e proativa em feiras internacionais e roadshows, a criação de parcerias internacionais, ou, no caso das empresas do imobiliário com um target de dimensão económica superior, a entrada em redes internacionais de agentes do setor para troca de experiências e partilha de contactos de clientes, investidores e parceiros.

Quando já se tem uma carteira de clientes internacionais, ditam as regras do bom senso que se acompanhem todos os passos que envolvam a sua viagem e estadia em Portugal. Só assim é possível cativá-los.