Invocamos aqui o Dia Internacional da Democracia, criado em 2007 pela ONU, que sublinha a importância dos Direitos Humanos e da Cidadania Ativa. Trata-se de uma chamada de atenção para a necessidade de defender os princípios de inclusão, liberdade, igualdade de tratamento entre os indivíduos, paz e desenvolvimento sustentável. Em tempos de crescentes desafios à proteção destes direitos, este dia torna-se ainda mais relevante.

A democracia não é apenas um dever cívico de voto nas urnas ou de participação em debates políticos, reflete-se também nas cidades que construímos e nos espaços que habitamos. A arquitetura e o urbanismo desempenham um papel essencial na formação e desenvolvimento das cidades, influenciando diretamente a qualidade de vida dos seus habitantes. Como sublinha Nuno Portas, no seu livro “A Cidade como Arquitectura”, “O urbano só pode ser confiado a uma estratégia que ponha em primeiro plano a problemática do urbano, a intensificação da vida urbana, a realização efectiva da sociedade urbana”.

Neste sentido, a Ágora contemporânea deve representar o espaço público que promove o diálogo e a interação social, independentemente da classe social, género ou qualquer outra característica. As praças públicas, parques e jardins representam, nas cidades, locais de encontro, lazer e expressão cultural. Estes espaços públicos devem ser símbolos de liberdade de expressão e de reunião. No entanto, enfrentam diversas condicionantes, incluindo desigualdades económicas, segregação urbana e falta de participação pública no planeamento urbano. A gentrificação, em particular, está a transformar o espaço público em áreas de consumo, afastando as comunidades locais e criando barreiras sociais.

Os espaços urbanos devem oferecer a todos os cidadãos a oportunidade de participar na vida pública, promovendo a convivência, a troca de ideias e a construção de uma cidadania informada. A forma como desenhamos e ocupamos os nossos espaços urbanos tem uma profunda influência na qualidade da vida democrática.

Assim, o Dia Internacional da Democracia não celebra apenas um sistema político de governança, mas também o ambiente físico e social que o sustenta. Só com um espaço público para todos, fortaleceremos os laços entre arquitetura, direitos humanos e cidadania, garantindo um agora mais democrático.