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Aicep tem em pipeline novos investimentos de 1,01 mil milhões de euros

Novos projetos de investimento previstos para 2020 devem criar mais de 2100 empregos. O presidente da Aicep, Luís Castro Henriques mantém o optimismo na evolução da economia portuguesa
  • Joaquim Morgado/ICPT
29 Janeiro 2020, 01h26

Se o Turismo de Portugal soma sucessos, com crescimentos acumulados no desempenho do sector, semestre a semestre e ano após ano, os “benchmarks” “colecionados” pela agência Aicep não lhe ficam atrás ao nível do investimento contratualizado em Portugal, dos projetos de Inovação e Tecnologia (I&DT) concretizados e dos postos de trabalho criados no mercado português. Esta é uma das conclusões que se retira do painel “Visit, Live and Invest in Portugal” da conferência “Building the Future” realizada esta terça-feira em Lisboa e promovida pela Microsoft. Vamos aos números: o investimento contratualizado passou de 1,15 mil milhões de euros em 2018 para 1,17 mil milhões de euros em 2019. Nos mesmo anos, os projetos de I&DT passaram, respetivamente, de 75,9 milhões de euros para 177 milhões de euros e o número de postos de trabalho criados disparou de 4.330 para 7.245. Luís Castro Henriques, presidente da Aicep, não poderia apresentar melhores referências. Mas as suas perspectivas para 2020 mantém um pipeline de projetos em análise pela Aicep que “constitui um “forte indicador de interesse em investir em Portugal” – diz – com investimentos no valor total de 1,01 mil milhões de euros (a que recentemente se adicionaram mais 100 milhões de euros), criadores de 2.126 empregos e exportações previsíveis igualmente na ordem dos 1,01 mil milhões de euros.

Contudo, neste enquadramento, o sector do turismo continua a ser uma das principais âncoras da atividade económica. Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal representa o sector que mais galardões internacionais tem recebido, com reconhecimento europeu e mundial. Os números do turismo nacional continuam a colocar o sector como um dos motores da economia. “São crescimentos seguidos de crescimentos e tirando a evolução menos favorável na Madeira, este ano de 2020 também vai correr bem”, adiantou Luís Araújo ao Jornal Económico, sem querer avançar com projeções de crescimentos. E os fatores que podem travar o desempenho? A resposta não deixa de ser positiva: “acredito que no seu todo, este ano o sector vai registar um comportamento favorável”, remata.

Olhando para o ano passado, no acumulado do primeiro semestre de 2019, o turismo português registou uma subida de 7,6% nos hóspedes (que atingiram o número emblemático de 12,2 milhões), mas também nas dormidas, que cresceram 4,7% (para chegarem aos 30,5 milhões), uma evolução permitida pelos residentes (mais 8,9%), e pelos não residentes (mais 3%). Valores? Até junho, os proveitos totais subiram 7,6%, ascendendo a 1,78 mil milhões de euros. Os proveitos de aposento aumentaram 7,3%, totalizando 1,3 mil milhões de euros. Estes são os números que terão de ser suplantados no primeiro semestre de 2020. Quanto aos mercados emissores de turistas, em junho de 2019 os 16 principais mercados representaram 86,9% das dormidas de não residentes nos alojamentos turísticos, segundo informações do INE. O comportamento do mercado norte-americano foi muito relevante – foi o quinto principal mercado em junho de 2019, pesando 6,3% no total das dormidas de não residentes –, atendendo a que registou um aumento de 25,1% neste mês e uma subida acumulada no primeiro semestre de 21,2%. O sector aguarda a resposta do mercado norte-americano no primeiro semestre desde ano para confirmar se se consolida como mercado emissor turístico para Portugal. Relativamente aos restantes mercados emissões, o mercado brasileiro foi muito relevante na primeira metade do ano passado (com um crescimento de 17,7%), tal como o canadiano (mais 17,5%). No acumulado do primeiro semestre do ano passado, os crescimentos registados pelos mercados canadiano e chinês ascenderam a 15,9%. Já o mercado britânico – com 21,9% do total das dormidas de não residentes em junho de 2019 – tinha recuado 1,3% em junho do ano passado, embora tenha estado sete meses consecutivos a crescer, o que determinou um aumento de 1,6% no conjunto do primeiro semestre de 2019. O mercado espanhol cresceu 9,3% em junho e 8,6% no semestre.

José Theotónio, responsável pelo Grupo Pestana, é um dos gestores que tem respondido às novas exigências do mercado turístico, onde a componente das vendas nos canais online assumem crescente importância. A evolução dos investimentos alocados à área digital reflete a mudança operada neste mercado. Em 2016 envolveu cerca de 400 mil euros. Em 2020 será de aproximadamente dois milhões de euros. “O Grupo Pestana, com 47 anos de atividade, tem feito uma atualização tecnológica constante para acompanhar a evolução do mercado”, referiu José Theotónio. Também aposta na inovação e tenta manter uma estreita colaboração com a startups, que podem testar e experimentar os seus novos produtos nas unidades do Grupo Pestana (para o efeito dispõe de um Projeto Startup e de um programa de inovação).

Com particular foco na inovação vive a empresa Edigma, que coloca a tecnologia ao serviço das pessoas. O ser presidente executivo (CEO), Miguel Oliveira, explica que esta tecnológica cria experiências interativas, focadas no utilizador, no “human touch”. A quase totalidade da sua produção destina-se aos mercados de exportação, com projetos que vão da sinalética digital, aos produtos de hardware e software. Um dos recentes trabalhos foi o protótipo da Mercedes, o F015. A Edigma tem entre os seus clientes a indústria automóvel, para a qual desenvolve painéis de bordo, e ecrãs. As suas competências são desenvolvidas in house. Mas os clientes vão até ao universo dos centros comerciais, como o Mar Shopping no Algarve, ou o Norte Shopping, a banca, com a CGD, para a qual trabalha a digitalização de sinalética, ou o Millennium bcp, ou os projetos tão sofisticados como os de turismo cultural do Centro Interpretativo do Barroco, a Casa dos Vulcões da ilha do Pico, o Museu da Presidência ou o Museu da Água. Miguel Oliveira explica que no desenvolvimento tecnológico, em que trabalha permanentemente, a sua empresa pretende “construir o futuro com a inspiração do presente”.

Mas, regressando aos números da Aicep, Castro Henriques refere que Portugal tem vindo a distinguir-se internacionalmente como um país onde há talento de grande qualidade, o que se destaca especialmente nas áreas tecnológicas e na engenharia. Por isso, diz que a média anual de investimento apoiado no período do PT2020 aumentou face ao período homólogo, mas o mais interessante é que, “no que toca ao I&DT, cresce quase seis vezes”.

“Os anos de 2018 e 2019 foram anos recorde em termos de investimento apoiado pela Aicep, quase duplicando face à média anual do QREN”, de que 2008 a 2014 foi de 593 milhões de euros anuais, quando em 2018 houve um salto para 1,15 mil milhões de euros e em 2019 chegou aos 1,17 mil milhões de euros, explicou Castro Henriques. “O investimento apoiado de I&DT mais do que duplicou face a 2018 e cresceu mais de cinco vezes comparativamente à média do QREN”, adianta o presidente da Aicep. “O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) cresceu quase 30% de 2018 para 2019”, passando, respetivamente, de 688 para 883 milhões de euros. O investimento em “Centros de Serviços e Competências também tem registado um forte crescimento, sinal do reconhecimento da qualidade do talento em Portugal”, acrescenta Castro Henriques, exemplificando os projetos da Nokia, de projetos de cibersegurança ca Cloudflare, da Revolut e da Cisco, da Schreder e da COFCO na região do Porto, todos estes em 2019 (depois de em 2018 terem arrancado os projetos da BMW, da Volkswagen, da Google, da Bosch, da Sodexo e da Zumtobel).

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