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AIEA: Países europeus desistem de condenação ao Irão

França, Reino Unido e Alemanha optaram pela via diplomática para encontrarem uma solução para o impasse criado por Teerão em relação às visitas da autoridade nuclear internacional.
  • Raheb Homavand / Reuters
5 Março 2021, 16h12

França, Reino Unidos e Alemanha planeavam apresentar uma resolução na reunião do conselho da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), com o apoio dos Estados Unidos, criticando a suspensão por parte do Irão de algumas inspeções previstas pela agência. E decidiram que a via diplomática pode ser ainda mais eficaz para convencer Teerão a abrir as suas portas.

A decisão do adiamento foi tomada “para dar tempo à diplomacia”, disse uma fonte diplomática citada por vários jornais, apontando iniciativas tomadas pelo diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi e sinais de “boa fé” do lado iraniano como as causas da mudança de posição.

Grossi disse que o Irão aceitou realizar uma série de reuniões com o órgão de vigilância nuclear da ONU a fim de “esclarecer uma série de questões pendentes”. “Vamos iniciar esse processo com uma reunião técnica que ocorrerá no Irão no início de abril, que espero seja seguida de outras reuniões técnicas ou políticas”, disse Grossi aos jornalistas.

O novo processo terá como objetivo esclarecer as dúvidas levantadas pela AIEA sobre a possível presença de material nuclear em locais não declarados. A nova posição dos países europeus surge como mais um esforço para não deitar a perder a possibilidade do regresso das negociações em torno do acordo nuclear de 2015.

Tudo ficou mais difícil depois de a Casa Branca ter decidido no início desta semana atacar milícias pró-iranianas situadas em território sírio.

O embaixador iraniano na AIEA, Kazem Gharib Abadi, escreveu nas redes sociais que “devido a extensas consultas diplomáticas” no seio da agência, “há um vislumbre de esperança para evitar tensões desnecessárias”.

Recorde-se que Joe Biden disse estar disponível a fazer regressar os Estados Unidos ao acordo histórico de 2015, conhecido como JCPOA, depois de o seu antecessor, Donald Trump, ter retirado o pais do seu perímetro em 2018.

O Irã tem afirmado ter o direito a violar uma série de restrições às suas atividades nucleares estabelecidas no acordo em retaliação à retirada dos Estados Unidos e principalmente por causa das sanções que a Casa Branca impôs – e que acabaram por influenciar os restantes países signatários, mesmo que estes se tivessem oposto à estratégia da administração de Washington.

No final do mês passado, o Irão suspendeu algumas inspeções da AIEA porque essas sanções ainda não tinham sido levantadas, no que foi descrito por Grossi como uma “enorme perda” para a agência. No entanto, após dois dias de negociações com as autoridades iranianas em Teerão, foi conseguido um acordo de três meses segundo o qual o Irão se comprometeu a manter registos “de algumas atividades e equipamentos de monitorização” e entregá-los à AIEA quando as sanções forem suspensas.

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