As imagens nítidas recortam a luz das chamas que se erguem dos caixotes do lixo, do mobiliário urbano e das viaturas incendiadas em nome do novo mártir George Floyd. Em simultâneo, as câmaras dirigem-se para a multidão em fúria que vandaliza, rouba e destrói tudo, em nome de uma estranha defesa dos direitos humanos.

O dia 25 de Maio de 2020 ficará para a história como nota de um homem negro imobilizado pelo joelho de uma polícia no pescoço enquanto se ouve “não respiro”. As imagens fluem, crescem protestos que se estendem mundo fora e sobem registos de personalidades independentemente de cor ou origem. O ato inacreditável de violência, filmado de vários ângulos, serve para incendiar a opinião pública e acrescenta aos maus exemplos de brutalidade policial, seguida de vandalismo, violência urbana e insegurança.

Desde a luta contra a segregação racial dos anos 50, conquista dos direitos civis pela luta de Martin Luther King na década seguinte, que ciclicamente os EUA regressam a episódios raciais. Todos nos recordamos dos “Los Angeles Riots” em 1992 e a morte de Rodney King ou acontecimentos mais recentes em Ferguson e Baltimore, que resultaram em destruição pública derivada de situações de excessos policiais que declinaram responsabilidade e formaram o rastilho de violência que se renova.

Estes episódios não justificam os atos de violência inexcedível, que desta vez convocam militares e agentes federais para a contenção. Por muitos chocados que todos se sintam, a ordem pública tem de ser mantida quando, de manifestantes se salta para saqueadores. A justiça não pode ser denegada nesta caso tão evidente e ignóbil que conduziu à morte de uma pessoa. Justiça que deve ser administrada tão rapidamente quanto nos mostram existir um sistema tão eficaz e efetivo.

A presente situação não pode ser contaminada por razões políticas, nem o de tomar partido entre republicanos e democratas ou arma de arremesso entre o inenarrável Presidente Trump e o seu anunciado concorrente o veterano Biden. O debate não é relativo ao estado-nação, mas respeita ao cumprimento dos direitos dos nacionais daquele estado. As regras existem e exige-se a todos observância, independentemente da condição, idade, cor da pele ou religião.

Não estamos perante uma discussão entre conservadores ou progressistas, nem é um combate entre direita e esquerda. Estamos perante um ato de violência individual que está a ser respondido por excessos de violência coletiva. Onde escorre emoção não há serenidade, nem pode ser contida a fúria regando a situação com combustível.

O sonho de Luther King de igualdade e respeito continua por realizar. Um rastilho em Minneapolis contribui para espoletar os recalcamentos recíprocos de quem não percebe as lições da história. Este momento não é próprio para ganhar alguma batalha. É um trilho de sobrevivência de uma nação – exemplo de direitos humanos – onde as pessoas tem de interiorizar o reconhecimento de direitos iguais.