Giselle” é uma das peças fundamentais da história do bailado e surge na sequência do sucesso de La Sylphide e da grande influência da corrente literária do romantismo na dança. Estreou mundialmente em 1841, com argumento de Theóphile Gautier, música de Adolphe Adam e coreografia de Jean Coralli e Jules Perrot, que Patrice Bart e Eugène Polyakov preservam, na sua essência, nesta remontagem para a Opéra Garnier, embora lhe adicionem um toque de modernidade e inovação.
Modernidade, sim, respostas ou sequer pistas sobre o que é o amor, ou melhor, como se ama no século XXI, não. Ainda desconhecemos o que se seguirá à polarização do mundo atual. O que sabemos, diz-nos a História, é que o Romantismo surgiu não só mas também enquanto resposta à Revolução Industrial, colocando as emoções no centro da produção literária da época. No intuito de se afastar de uma aristocracia dominante, o Romantismo glorifica a simplicidade e a pureza da vida. Nesta corrente literária, explora-se também o gosto pelo imaginário sobre o desconhecido, o sobrenatural surge como uma extensão do mundo sensível e a arte é povoada por seres sobrenaturais, inspirados na literatura popular.
“Giselle” é um bailado em dois atos e inspira-se em Heinrich Heine, nome fundamental da literatura alemã do século XIX, que ficou conhecido como “o último dos românticos”. Conta a história de uma jovem camponesa que se apaixona pelo seu vizinho Loys, sem suspeitar que este é, na verdade, Albrecht, Duque da Silésia. Juntos, dançam e trocam palavras de amor, secretamente vigiados por Hilarion, um caçador que ama Giselle, um amor não correspondido.
É na festa das vindimas, onde todos dançam alegremente, que Hilarion desmascara Albrecht. Perante a revelação, Giselle descobre que o amor é impossível. O desgosto leva-a à loucura e à morte. No segundo ato, surgem as willis, espíritos de raparigas que morreram solteiras e que, na escuridão da noite, se vingam dos seus amados fazendo-os dançar até à morte. Hilarion é a primeira vítima. Albrecht, no final, é poupado, salvo pelo amor de Giselle. Podemos dizer que, apesar de representar uma época, este bailado tem atravessado os tempos imune a eventuais releituras.
A maestrina Andrea Quinn irá dirigir a Orquestra da Ópera Nacional de Paris neste “Giselle”, que subirá ao palco da Opéra Garnier, Paris, de 28 de setembro a 31 de outubro.
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