… E aproveitar para não prosseguir com um erro crasso.

Escrevo este artigo do Brasil, mais propriamente de São Paulo, onde estamos a realizar o 47º evento de apresentação e divulgação de Portugal como destino de morada e investimento.

Em 2011, numa altura em que o nosso país atravessava uma crise económica sem precedentes, todos percebemos que era fundamental atrairmos investimento estrangeiro, não apenas a pensar no imobiliário, mas para toda a economia.

Desde então, muitos foram os eventos que fizemos em vários pontos do globo, mas sem dúvida com maior enfoque no Brasil, onde, num ano comum, promovemos oito a dez eventos em várias cidades deste grande País. Ao longo destes anos, foram bastantes os brasileiros de alto rendimento que escolheram Portugal para viver, trabalhar e investir.

Por razões de segurança, qualidade de vida, língua e benefícios fiscais (como o RNH) ou todas juntas, deram um grande contributo à reabilitação urbana, ao desenvolvimento imobiliário nas grandes cidades e no interior, e à economia no seu todo. No segmento premium, onde operamos, o valor médio aquisitivo dos compradores brasileiros nos últimos 3 anos é de 1.086.425,73€: pagaram um enorme volume de impostos e contribuem fortemente, com o seu investimento e consumo, para a criação de emprego e riqueza.

Com o fim do RNH, muitos dos brasileiros e todos os estrangeiros que mudaram a sua vida e residência fiscal para Portugal sentem-se “dispensados” por um País que nunca teria arrecadado tanto em investimento, consumo e impostos diretos e indiretos simplesmente porque não teriam vindo para cá. Exemplo disso é um texto partilhado entre grupos de brasileiros em Portugal e no Brasil:

“Em função deste problema de simples solução (criação de condições para aumentar a construção e oferta de imóveis), o Governo empreendeu o fim do RNH, cessando o fluxo continuo de novos capitais, interrompendo a possibilidade de se ajustar a legislação para incentivar a construção de novas residências para baixa e média renda, incentivar o desenvolvimento e por consequência gerar superavits suficientes para reduzir a atual carga tributária (uma das maiores do continente europeu) e conseguir investir em melhorias para a sociedade”.

“Apenas houve a intenção de achar um “bode expiatório” capaz de convencer a população que o Governo do PS não era o responsável”.

Não é apenas o setor imobiliário que é impactado pelo menor número de residentes estrangeiros em Portugal. São muitos os setores de atividade, a maioria deles centrais para o desenvolvimento económico do país, que dependem de pessoal qualificado e de uma população com poder de compra, que Portugal não tem e que continua a empurrar para fora do país enquanto não tiver uma política fiscal adequada.

Ainda estão a tempo de reverter este erro monumental e não deitar por terra o trabalho de tantas empresas e empreendedores que, como nós, nos últimos dez anos tanto fizeram para que estas famílias escolhessem Portugal para residir e investir.