Com 18 anos de experiência profissional na Airbus, Sandra Bour Schaeffer, speaker da Airbus na Web Summit 2019, apresentou nesta terça-feira à tarde no grande evento tecnológico de Lisboa a antevisão do gigante industrial aeronáutico europeu relacionada com o desenvolvimento da mobilidade aérea urbana, com os e-Táxis de descolagem e aterragem vertical e com as aeronaves elétricas de pequena dimensão – que serão capazes de transportarem entre dez e 20 passageiros –, destinadas a voos domésticos e regionais. “É com o objetivo de desenvolver estes novos produtos que a Airbus investe anualmente cerca de 2 mil milhões de euros nos programas de inovação tecnológica que tem em curso, para construir aviões mais eficientes, menos poluentes e mais sustentáveis”, refere. No entanto, a indústria aeronáutica está a evoluir depressa para uma maior incorporação de tecnologias elétricas nos aviões tradicionais e também para o desenvolvimento de aviões 100% elétricos que assegurem ligações mais longas, o que deverá ser uma realidade num horizonte de menos de 20 anos”, adiantou ao Jornal Económico e especialista da Airbus em inovação. “Atualmente a Airbus fabrica entre 800 e 900 aviões por ano, mas é relativamente difícil aumentar estes níveis de produção”, diz.
Sandra Bour Schaeffer recorda os tempos em que participou no projeto de desenvolvimento do modelo A380 – que foi adquirido maioritariamente por companhias árabes que asseguram ligações de ponto a ponto, como foi o caso da Emirates que tem mais de 100 aviões destes de grandes dimensões na sua frota. “As companhias atualmente procuram aviões com caraterísticas diferentes, com dimensões menores e que consumam muito menos e libertem menores emissões poluentes”, refere a responsável da Airbus, salvaguardando “a grande qualidade do A380”.
“Até 2045 vamos assistir a um grande crescimento na produção de aviões, que passarão a consumir muito menos e a libertar emissões poluentes consideravelmente mais reduzidas, sendo assim aeronaves mais sustentáveis”, refere Sandra Schaeffer, explicando que “nos próximos 25 anos vamos ter o dobro dos aviões a cruzar os céus, mas vão consumir metade do que todos os aviões consumiam em 2005 a nível mundial”.
A Airbus é um dos fabricantes de aviões com uma relação comercial mais estável com o mercado português, trabalhando com Portugal há mais de 50 anos. Historicamente, na área da aviação civil, a TAP Air Portugal foi um dos primeiros clientes da Airbus, tendo a companhia aérea recebido o seu primeiro avião A310 em 1988. Este relacionamento manteve-se ao longo do tempo e hoje “a Airbus é o principal fornecedor de aviões comerciais a Portugal, com uma frota de quase 120 aviões em serviço” – refere o fabricante europeu, citando dados de outubro de 2019.
Também no setor da defesa, a Airbus marca presença em Portugal desde a década de 60, com a Airbus Helicopters, que fabrica o modelo Alouette, muito utilizado pela Força Aérea Portuguesa. “A Airbus Helicopters e o seu ramo da Defesa continuam a disponibilizar plataformas imprescindíveis para o apoio a missões aéreas, como o C295”, refere fonte da Airbus.
Mas o relacionamento da Airbus com Portugal vai mais longe, alargando-se aos fornecedores industriais portugueses do cluster de A&D nacional. “Nos últimos anos, a Airbus tornou-se um parceiro de confiança da indústria aeroespacial portuguesa e, à medida que a empresa cresce, aumentam as oportunidades e a presença de Portugal no grupo em geral”, adianta a Airbus, esclarecendo que apoia muitos projetos em que participam fornecedores portugueses.
“Um exemplo de sucesso é o PASSARO (o anagrama que traduz o projeto ‘Capabilities for Innovative Structural and Functional Testing of Aerostructures’), que é um projeto da Clean Sky 2 da União Europeia, iniciado em julho de 2016 e com uma duração total de 48 meses”, refere a Airbus.
Este projeto integra onze parceiros oriundos de Portugal e Espanha que trabalham em colaboração com a “Airbus Defense and Space”, partilhando objetivos tecnológicos, tais como a promoção da inovação na indústria aeronáutica a nível europeu.
Só o setor aeroespacial é responsável por cerca de 18.500 empregos em Portugal, dos quais mais de mil estão diretamente relacionados com a Airbus. “A presença da Airbus no nosso país continua a reforçar-se de forma consistente, tanto ao nível de cadeia de fornecimento e abastecimento, engenharia e recrutamento”, refere a companhia, adiantando que “mais de metade do total de fornecedores portugueses de A&D integram atualmente a cadeia de valor da Airbus, seja nas linhas de produtos de aviação comercial e de defesa”.
“Nos últimos cinco anos, a Airbus aplicou mais de 100 milhões de euros em fornecedores portugueses”, revela a companhia ao Jornal Económico. “Ao longo dos últimos três anos, a Airbus tem ampliado a sua colaboração com Portugal, identificando novas áreas de trabalho a desenvolver”, refere a companhia, explicando que foi devido “a este trabalho frutífero e colaborativo que Portugal está a construir um verdadeiro cluster de empresas aeroespaciais de nível 2 e 3, sendo a sua mão de obra reconhecida como altamente qualificada e confiável”.
“Das 70 empresas aeroespaciais portuguesas, mais da metade fornece produtos e serviços para programas de produção e manutenção da Airbus, pesquisa e desenvolvimento e uma ampla gama de serviços de suporte às operações da empresa”, adianta a companhia europeia. Nesse sentido, “35 empresas portuguesas receberam formação sobre ‘como se tornar um fornecedor da Airbus’, como parte do plano de ação da Airbus para Portugal, lançado em 2015”, refere ainda.
O ‘procurement’ da Airbus em Portugal “está a registar um incremento, com a expansão da gama de mercadorias e serviços contratados em Portugal”, considera a Airbus. “Dois dos fornecedores de maior confiança da Airbus, a Mecachrome e o LAUAK Group investiram recentemente em novas fábricas em Portugal, reforçando a posição do país como um novo centro industrial aeroespacial europeu”, comenta a companhia.
Segundo a Airbus, citando dados de outubro de 2019, entre os principais fornecedores da Airbus em Portugal estão o Club OGMA (com um volume de fornecimentos de quatro milhões de euros), a Airholding Sgps (com três milhões de euros), a Hpgb Sgps (com um milhão de euros), a Active Space Tech (tamb+ém com um milhão de euros), a Novabase (um milhão de euros), a Caetano (um milhão de euros), e a Critical Services SA, a Lusospace, a Fralibra, a Altran (com menos de um milhão de euros).
Entre os principais produtos fabricados por estes fornecedores estão os serviços relacionados com produtos (36%), o grupo classificado como “Sistemas & Equipamentos” (19%), e os materiais indiretos (11%).
No clientes da aviação comercial de Portugal a Airbua conta com três operadoras portuguesas, designadamente, a Tap Air Portugal, a Hi Fly e a SATA Air Açores.
Atualmente, a TAP opera uma frota com mais de 90 aviões, todos da Airbus. Mas tem em carteira mais 37 aviões pedidos. Com um amplo portfólio dos modelos A319, A320, A321, A330 e A340 (este último completou recentemente a sua vida útil).
No âmbito do seu programa de renovação e modernização de frota, “a TAP foi a primeira companhia cliente do A330neo, conhecido pela sua economia operacional, maior alcance e nova cabine Airspace para passageiros”, refere a Airbus.
“A TAP foi também uma das primeiras companhias aéreas a operar o A321LR em rotas transatlânticas, aperfeiçoando as suas capacidades no mercado de aviões de média dimensão, economizando 25% a 30% de combustível em comparação com aviões de geração anterior”, adianta a Airbus.
A Airbus e a Hi Fly, “o principal especialista em leasing de aviões wide-body, trabalham em conjunto desde 2006, operada por duas companhias aéreas afiliadas em Portugal e Malta, a Hi Fly possui um portfólio de aviões Airbus composto pelas famílias A320, A330, A340 e A380”, refere a Airbus.
Além dos aviões comerciais, a “Airbus Defense and Space mantém uma relação forte com Portugal há décadas”. Ainda há outros produtos Airbus ao serviço da Marinha Portuguesa e das Forças Armadas. Finalmente, a Airbus Helicopters “opera em Portugal há mais de 50 anos e conta com mais de metade da atual frota civil e parapública”. “O modelo mais popular é o H125, de motor único, operado pelo Ministério da Administração Interna”, refere a Airbus.
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