O chanceler alemão, Olaf Scholz, perdeu, como se esperava, a votação da moção de confiança no Bundestag, o parlamento germânico, abrindo caminho à dissolução parlamentar – uma decisão do presidente da federação, que o chanceler aconselhou.
Os votos determinaram que votaram 717 deputados, 207 manifestaram a sua confiança em Olaf Scholz, 394 retiraram-lhe essa confiança e registaram-se ainda 116 abstenções. Cabe ao presidente, Frank-Walter Steinmeier, avançar com a dissolução do Bundestag. Pode não o fazer, mas com eleições previstas para 23 de fevereiro, seria suicidário para o país apostar na alternativa: a procura de um novo chanceler no quadro parlamentar atual.
De acordo com os prazos previstos na lei, o presidente tem 21 dias para decidir sobre as novas eleições. Se decidir dissolver o Bundestag, as eleições federais deverão ocorrer dentro de 60 dias. Com a nova data eleitoral planeada para 23 de fevereiro, Steinmeier terá de tomar a decisão até 25 de dezembro. Mas, por causa das férias de Natal, espera-se que Steinmeier anuncie a decisão a partir de 27 de dezembro.
A votação desta segunda-feira surge depois do fim da chamada ‘coligação semáforo’ de Scholz, que entrou em colapso a 6 de novembro, quando o chanceler demitiu o seu ministro das Finanças e líder do FDP, Christian Lindner. Juntamente com os ecologistas, o FDP (liberais) e o SPD de Scholz compunham essa coligação.
A demissão surgiu na sequência de uma disputa de longa data sobre a forma de revitalizar a estagnada economia alemã, com os liberais a abandonarem a coligação, deixando os outros dois parceiros sem maioria no parlamento. Já se sabia que o governo, uma vez ‘desfalcado’ de um dos partidos, iria acabar por cair.
Entretanto, os alemães olham para as sondagens, que vão invariavelmente dando conta de que os conservadores democratas-cristãos vão ganhar as eleições de fevereiro com uma larga margem sobre o segundo classificado, o partido neo-nazi Alternativa para a Alemanha – com, respetivamente, 32% e 18% das intenções de voto. Os social-democratas do SPD – que decidiram apostar novamente em Scholz para encabeçar a sua lista (o que esteve longe de ser pacífico) – surgem apenas na terceira posição, com 16% de intenções de voto. Por perto estão os Verdes, com 13% e muito longe estão os liberais do FDP, com apenas 4%.
Ou seja, parece que os alemães tendem a considerar que os liberais são os principais culpados da crise que se instalou no país há alguns meses. Para todos os efeitos, os três partidos juntos (os que faziam parte da coligação liderada por Scholz) agregam 33% das intenções de voto. Face aos 32% da CDU, seria muito improvável que o presidente decidisse fazer regressar a coligação ‘semáforo’ à liderança do país. O próximo governo será, por isso, liderado pelos democratas-cristãos, faltando saber-se se os social-democratas o apoiarão de qualquer forma. Que é o mesmo que questionar se a CDU vai ou não manter a cerca sanitária em relação ao AfD. Vale a pena recordar que este partido se assume de facto como neo-nazi e não apenas como de extrema-direita – isto é, qualquer coligação pode ser extremamente ‘tóxica’. Mas já não seria novidade: a CDU bávara, a CSU – mas radical que o partido nacional, já tentou uma aproximação aos neo-nazis – o que, aliás, deixou a antiga chanceler e líder do partido, Angela Merkel (politicamente) furibunda.
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