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Alemanha: crescimento de 0,4% não evita perspetivas de estagnação no segundo trimestre

A maior economia da Europa terá crescido 0,4% em cadeia no primeiro trimestre do ano face aos últimos três meses de 2018. Segundo o banco central alemão, a expansão foi impulsionada por eventos não recorrentes. Analistas temem uma recessão no segundo trimestre e esperam uma recuperação só depois de a economia chinesa estabilizar.
20 Maio 2019, 18h17

A segunda leitura deverá confirmar esta quinta-feira a estimativa rápida: segundo os analistas a economia alemã terá mesmo crescido 0,4% em cadeia no primeiro trimestre de 2019. A aparência de retoma face ao abrandamento do ano passado não passa disso mesmo: uma ilusão.

“Depois da estagnação da produção económica na segunda metade de 2018, este ano a economia alemã teve um bom começo”, escreveu o Bundesbank, o banco central alemão,  no relatório económico de maio. Segundo o Bundesbank, o ‘motor’ económico da União Europeia terá crescido 0,4% face ao último trimestre de 2018, período em que foi registada uma contração económica de 0,2%.

A expansão da economia alemã foi suportada por “eventos temporários não recorrentes”, sem os quais a tendência económica teria continuado “fraca”, em linha com o que acontece desde meados de 2018”, sublinhou.

A nível anual, ajustado à sazonalidade e calendário, o PIB alemão terá crescido 0,7% em 2018, referiu aquele departamento estatístico, um pouco acima das estimativas mais recentes para 2019 divulgadas pela Comissão Europeia (CE).

No início do mês, a CE divulgou as previsões económicas da primavera e reviu em baixa o crescimento económico alemão de 1,1% para 0,5% para 2019.  Bruxelas justificou a contração do crescimento alemão com a estrutura industrial e exposição à economia internacional, que poderá afetar “desproporcionalmente” a Alemanha. Em particular, a degradação do sentimento empresarial tem vindo a degradar-se, a quebra das encomendas, a prática de medidas protecionistas parceiros comerciais e a contração da produção automóvel no início do ano são elementos que penalizam o crescimento do ‘motor’ económico europeu.

Bom tempo impulsionou construção e medidas fiscais galvanizaram consumo

No relatório de maio, os economistas do Bundesbank salientaram as medidas fiscais que entraram em vigor no início de 2019 e que deram ímpeto ao consumo interno, nomeadamente no setor automóvel. As vendas de automóveis aumentaram desde o início do ano e compensaram as quebras registadas no ano passado, penalizadas nessa altura com a entrada em vigor do teste às emissões de CO2 a nível europeu, o Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure (da sigla inglesa, WLTP).

O Bundesbank frisou ainda a importância do crescimento do setor da construção nos primeiros três meses do ano, impulsionado pelo tempo “suave” que se verificou no território alemão. Nos serviços, destaque para a hotelaria e restauração, assim como o setor do retalho, que também estimularam a economia alemã.

Por ter sido suportado por eventos não recorrentes, os analistas do Commerzbank consideram que o crescimento do PIB nos primeiros três meses do ano não assinala “o fim do arrefecimento económico” e alertam que no segundo trimestre do ano, “é provável que a economia alemã não cresça”.

“Apenas esperamos uma recuperação sustentada na segunda metade do ano, depois de a economia chinesa ter estabilizado”, salientam os analistas do banco alemão.

Apelo a mais investimento 

Para o segundo trimestre, os analistas do Commerzbank antecipam a estagnação da economia alemã por causa da extinção dos eventos não recorrentes que impulsionaram o tecido económico no primeiro trimestre. “O efeito positivo do [estado do] tempo deverá desaparecer no segundo trimestre, penalizando o e crescimento económico (…)”.

Os analistas referem ainda que as encomendas industriais caíram 4,1% no primeiro trimestre face aos últimos três meses de 2018. “A tendência da produção industrial calculada com base nas novas encomendas é claramente descendente”, alertaram.

Por sua vez, os analistas do banco de investimento holandês ING apontam para a necessidade de mais investimento público e privado na economia e de reformas estruturais, numa altura em que a maior economia da União Europeia defronta dificuldades.

Numa nota de research, o ING salientou a vulnerabilidade da Alemanha em face da “subida das tensões”  da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, além da subida do preço do petróleo, que poderá penalizar o consumo e pressionar a margem de lucro das empresas.

https://jornaleconomico.pt/noticias/fmi-alinha-estimativas-com-bruxelas-e-ve-economia-portuguesa-a-crescer-17-este-ano-431505

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