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Algarve e Andaluzia reivindicam ligações ferroviárias entre os aeroportos de Faro e Sevilha

Os responsáveis empresariais do Algarve e da Andaluzia reivindicam ligações ferroviárias modernas, eficientes e não poluentes entre os aeroportos de Faro e Sevilha, bem como a utilização transfronteiriça de comboios de alta velocidade, informa a CCDR do Algarve.
Aeroporto de Faro
24 Agosto 2021, 18h42

As associações empresariais de Sevilha, de Huelva e do Algarve reivindicam como prioritária a ligação por comboio entre o Algarve e a linha de Huelva-Sevilha, permitindo a conexão aos aeroportos de Faro e Sevilha, refere a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

“No quadro da rede ferroviária transeuropeia, a Região do Algarve defende como prioritária uma nova ligação ferroviária Algarve – Huelva – Sevilha, conectando os aeroportos internacionais de Faro e Sevilha, investimento estratégico que tem recebido o apoio e suporte das associações empresariais de Sevilha, de Huelva e do Algarve, do vice-conselheiro de Fomento, Infraestruturas e Ordenamento do Território da Junta de Andaluzia e dos Municípios do Algarve”, refere uma nota informativa do presidente da CCDR do Algarve, José Apolinário, emitida terça-feira, 24 de agosto.

Trata-se de impulsionar investimentos estruturais e potenciadores do desenvolvimento económico e social nas duas principais regiões turísticas ibéricas – o Algarve e a Andaluzia – numa conjuntura em que ficaram muito fragilizadas pelos efeitos da pandemia do coronavírus, dotando-as de mobilidade eficiente e não poluente (com linhas ferroviárias eletrificadas) que permita o intercâmbio de populações e a dinamização de fluxos turísticos captados pelo transporte aéreo nos aeroportos de Faro e Sevilha e redistribuídos por modo ferroviário.

Na questão das interconexões ferroviárias entre Portugal e Espanha – que anda a ser abordada pelos responsáveis regionais dos dois países ibéricos desde 2004 – as linhas ferroviárias do Algarve e da Andaluzia ficam fisicamente afastadas pela inexistência de uma ponte ferroviária no rio Guadiana, que sendo uma infraestrutura transfronteiriça, beneficiaria de uma abordagem diferente da que é concedida por Bruxelas aos projetos destinados a um só país. O benefício seria óbvio: ligação ferroviária entre os aeroportos de Faro e Sevilha e a conexão a Madrid por comboios de alta velocidade – os serviços de transporte diários já hoje disponíveis do AVE, entre Huelva e Madrid.

“O apoio formal a este posicionamento foi reafirmado no passado dia 18 de junho de 2021, em ato público realizado na Câmara de Comércio de Sevilha, com a presença e subscrição de manifesto pela Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), presidida por António Miguel Pina, e pela Associação Empresarial do Algarve (NERA), presidida por Vítor Neto”, adianta a mesma nota informativa da CCDR do Algarve.

“Em nosso entendimento, a eletrificação da Linha do Algarve entre Vila Real de Santo António e Lagos, prevista concluir até ao final de 2023, deverá ser acompanhada pela reativação da linha Huelva – Ayamonte e por investimento ferroviário estruturante para o Sudoeste da Península Ibérica, ligando o Algarve à Andaluzia e à rede europeia de alta velocidade”, acrescenta.

“Em paralelo, torna-se necessário avançar com a ligação ferroviária ligeira Faro – Aeroporto – Universidade do Algarve – Parque das Cidades (Loulé), assegurando por parte das Infraestruturas de Portugal, em sede de planos municipais de ordenamento do território, os indispensáveis corredores e usos compatíveis com a aposta no transporte público ferroviário como contributo indispensável para a mobilidade e descarbonização”, conclui.

A este respeito a Andaluzia já acolheu, em Sevilha, um encontro de Embaixadores da União Europeia no quadro das comemorações do V Centenário da primeira viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães, evento promovido e integrado no programa da Presidência Portuguesa da União Europeia.

O Algarve esteve presente nesta iniciativa através de uma delegação integrando o presidente da CCDR do Algarve, José Apolinário, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, o reitor da Universidade do Algarve, Professor Paulo Aguas, o presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, e o presidente do NERA – Associação Empresarial do Algarve, Vítor Neto.

Em iniciativa pública realizada no Consulado de Portugal foi atribuído à presidência da Junta de Andaluzia o Prémio Magalhães, assinalando o contributo da Euroregião no potenciar da cooperação e intercâmbio educativo, cultural, científico , económico e entre regiões e cidades (recorde-se que Sevilha é sede da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas).

Neste ato presidido pelo embaixador de Portugal em Madrid, João Mira Gomes, estiveram presentes os conselheiros da Junta de Andaluzia das Finanças e Fundos Europeus e da Saúde, o secretário geral para as relações exteriores da Junta de Andaluzia, a tenente alcaide do Município de Sevilha, associações empresariais e câmaras de comércio e indústria de Sevilha e Huelva, entre outras entidades representativas da Andaluzia.

No ano em que se assinala o Ano Europeu da Ferrovia, esta deslocação de trabalho foi igualmente o momento para reafirmar o apoio dos municípios e empresários do Algarve à necessária ligação ferroviária Andaluzia – Algarve, conectando o Aeroporto de Sevilha com o Aeroporto de Faro, acompanhando a posição já anteriormente assumida pelos Alcaides de Sevilha e Huelva.

Num ato público em que também participaram o vice conselheiro de Fomento e infraestruturas da Junta de Andaluzia e o diretor geral de Mobilidade da Andaluzia, foi assinado um manifesto de apoio a esta ligação ferroviária no corredor sudoeste peninsular, instando os Governos de Espanha e Portugal e a União Europeia a incluírem este investimento estratégico nas diversas fontes de financiamento com fundos europeus.

Os responsáveis andaluzes têm vindo a fazer notar de forma insistente, junto das autoridades centrais, que a sua rede ferroviária “não tem conexões transfronteiriças”, o que corresponde a uma “grave limitação”, sobretudo no que se relaciona com “o desenvolvimento logístico do território”. Recordam igualmente aos titulares dos cargos políticos centrais que “o sistema portuário é sustentado na atividade de 12 portos comerciais, entre os quais os mais relevantes são Algeciras e Sines, precisando de ser ágeis e com boas ligações ferroviárias sobretudo para os clientes das rotas com origem e destino na União Europeia, no âmbito das quais têm de ser muito competitivos” e ainda recordam igualmente que “o transporte aéreo é canalizado através de seis aeroportos internacionais, designadamente, Almeria, Faro, Granada, Jerez de la Frontera, Málaga e Sevilha”, sendo imprescindível terem ligações ferroviárias eficientes e modernas.

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