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“Alguém quer realmente travar a entrada de turistas em Portugal?”. CTP coloca questões no Dia Mundial do Turismo

Na ausência de Francisco Calheiros, o vice-presidente da CTP discursou no dia do turismo com algumas perguntas que deixou em aberto: “Alguém quer realmente travar a entrada de turistas em Portugal? A economia nacional, cuja recuperação e crescimento deve sobretudo ao turismo, está em condições de dispensar 17 mil milhões de euros em receitas anuais? Podemos prescindir de mais de 500 mil empregos, que representam cerca de 10% na economia nacional?”. Perguntas a que responde “Claro que não!”.
27 Setembro 2019, 17h15

Francisco Calheiros, presidente da CTP, esteve ausente da conferência dos Açores que celebra o Dia Mundial do Turismo por motivos pessoais, tendo sido substituído pelo vice-presidente da confederação, Carlos Moura, que reproduziu integralmente o discurso escrito pelo presidente.

Nesse discurso Carlos Moura refere que  “os Açores são um dos 100 destinos mais sustentáveis do mundo e um excelente exemplo de um compromisso inteligente entre a atividade turística e as boas práticas de sustentabilidade ambiental, social e económica”.

“É o sítio certo para celebrar o Dia Mundial do Turismo, com uma reflexão sobre o futuro da nossa atividade e a sua relação com o meio ambiente”, afirma o presidente da CTP.

O Carlos Moura, da CTP, lembra que “a confirmarem-se todas as expectativas, os Açores irão tornar-se em breve o primeiro arquipélago do mundo a obter a certificação do destino sustentável atribuído pelo Global Sustainable Tourism Council, organismo que integra várias entidades das Nações Unidas”.

“Este será, com certeza, um momento único para os Açores, para Portugal e para o Turismo nacional” , refere o responsável pela confederação do sector.

O turismo tornou-se uma das atividades económicas mais importantes do mundo e um importante motor de desenvolvimento para as sociedades atuais, crescendo acima do PIB mundial. Em 2018, e segundo a Organização Mundial do Turismo, o número de turistas internacionais em todo o mundo atingiu os 1,4 mil milhões, mais 6% do que em 2017. Mais de metade deste crescimento deve-se a países da Europa do Sul e Mediterrâneo, onde se inclui Portugal, que recebeu cerca de 15 milhões de turistas estrangeiros em 2018, um recorde absoluto.

“Se lhe juntarmos os turistas residentes, o número ultrapassa pela primeira vez a marca de 21 milhões de turistas. A manter-se a tendência de crescimento – e tudo indica que sim – a necessidade de uma gestão cada vez mais criteriosa do território também deve aumentar”, defende.
O vice-presidente da confederação quis marcar o dia do turismo com algumas perguntas que deixou em aberto: “Alguém quer realmente travar a entrada de turistas em Portugal? A economia nacional, cuja recuperação e crescimento deve sobretudo ao turismo, está em condições de dispensar 17 mil milhões de euros em receitas anuais? Podemos prescindir de mais de 500 mil empregos, que representam cerca de 10% na economia nacional?”. Perguntas a que responde “Claro que não!”.

Para a confederação liderada por Francisco Calheiros a verdadeira ameaça não está no aumento dos turistas mas sim “na incapacidade de antecipar, planear e intervir na qualificação dos territórios, na mobilidade, nas infraestruturas aeroportuárias, nas forças de segurança pública, na melhor reutilização da água, na economia circular, nas estratégias de sustentabilidade ambiental, na qualidade de vida dos residentes, e na economia digital”.

“Estamos a poucos dias das eleições legislativas e, por conseguinte, prestes a iniciar um novo ciclo político”, defende Carlos Moura.

A Confederação do Turismo de Portugal “fez chegar às principais forças políticas, em tempo útil, um conjunto de propostas que visam impulsionar a atividade turística no nosso país”, diz o vice-presidente da Confederação do Turismo.

“Entre estas propostas, constava a necessidade de assegurar uma correta articulação entre os fluxos turísticos e a sua distribuição pelo território português.
Até há bem pouco tempo, fomos um destino muito marcado pela sazonalidade e pelo sol & mar, com uma procura muito concentrada no Algarve sobretudo do mercado britânico”, lê-se no seu discurso.

“Hoje, orgulhamo-nos de receber turistas em todo o país, em qualquer altura do ano, que já não nos procura apenas pela zona costeira entre o parque natural da costa vicentina e Vila Real de Santo António”, defendeu.

Para o representante da associação do setor, “o turista que nos visita quer conhecer a paisagem vinícola do Douro, o património histórico da região Centro, a gastronomia do Alentejo, os passeios pedestres da Madeira ou as lagoas dos Açores. O turista que nos visita quer viver experiências autênticas que só uma política séria e eficaz de ordenamento e planeamento do território que sirva, em primeiro lugar, a população pode proporcionar”.

Com o crescimento da digitalização e da automatização, muitos dos atuais postos de trabalho tornar-se-ão obsoletos, alerta. “Esta transição não será fácil. A adaptação às mudanças que se perspetivam irão trazer dificuldades, sobretudo junto das pessoas menos qualificadas”, avisa .

“Só uma política séria de reconversão para novas competências com uma formação alinhada com novas profissões permitirão travar este processo”, adianta o vice-presidente da CTP.

Por outro lado, o Turismo continua a debater-se com uma escassez de mão de obra, com evidentes consequências para o bom funcionamento da atividade. Neste sentido, a CTP propõe que sejam estudados e criados canais de circulação de trabalhadores com outros países; que se invista na modernização e inovação do sistema educativo para fazer face às necessidades do mercado; que se aposte na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores no Turismo, no que se refere à formação, retribuição e benefícios sociais; e, por fim “que a ideologia ceda ao pragmatismo no que à especificidade do Turismo diz respeito”, defendeu Carlos Moura.

“De uma vez por todas a atividade económica do Turismo tem de ter um quadro jurídico laboral que tenha em conta as suas características intrínsecas!”, apela o vice-presidente da CTP.

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e o Governo dos Açores assinalam hoje, sexta-feira, dia 27 de setembro, o Dia Mundial do Turismo nos Açores, com uma conferência subordinada ao tema ‘Turismo Sustentável: um legado para o futuro’. Uma conferência onde a sustentabilidade dos destinos turísticos será o tema central. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e do Governo dos Açores e realiza-se no Nonagon – Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel, na cidade de Lagoa, Ilha de São Miguel, que é o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia da Região Autónoma dos Açores.

O evento inclui uma mesa redonda sobre turismo sustentável com personalidades da região ligadas ao Turismo; a apresentação do estudo ‘Impacto da Economia Digital na Actividade Económica do Turismo’, apresentado por Miguel Castro Neto, subdiretor da NOVA IMS – Information Management School e a intervenção de António Sampaio da Nóvoa, como keynote speaker.

A sessão de abertura da cimeira esteve a cargo do vice-presidente da Confederação do Turismo de Portugal .

Pedro Siza Vieira, Ministro Adjunto e da Economia, representou o governo nacional no evento; e Vasco Cordeiro, Presidente do Governo dos Açores, representou a região autónoma.

Jorge Alves, Coordenador da Estrutura de Gestão da Sustentabilidade do Destino Turístico Açores é um dos participantes num debate que conta com a participação de Marta Sousa Pires, Administradora Executiva Bensaude Turismo; Carlos Morais, Presidente da Associação de Turismo dos Açores; Luís Rego, Administrador da Ilha Verde Rent a Car e José Romão Braz, Vice-presidente do conselho de administração da Finançor.

A Sessão de Encerramento esteve a cargo de Marta Guerreiro, Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo.

O Turismo dos Açores sofreu um forte revés no início do ano, quando a anterior administração foi investigada pela Polícia Judiciária. Em fevereiro, suspeitas de “fraude para a obtenção de subsídio, peculato, falsificação de documentos e participação económica em negócio” na Associação Turismo dos Açores, levaram o ex-presidente do organismo  a ser constituído arguido.

BCP nos Açores com workshop para financiar o turismo

O Millennium BCP é parceiro da Confederação Portuguesa do Turismo e aproveitando da cimeira deslocou-se aos Açores para dar um workshop a empresários do sector sobre soluções de financiamento.

O workshop da CTP/BCP tem, na sessão de abertura, a Diretora Regional do Turismo, Marlene Damião.

Este ciclo de workshops que resulta de uma parceria da Confederação do Turismo de Portugal e do Millennium BCP foi lançado em 2017.
Ao longo destes dois anos, estes workshops percorreram várias cidades do país (Porto, Lisboa, Braga, Coimbra, Faro, Funchal e agora Ponta Delgada).

 

*a jornalista viajou a convite da CTP

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