Não há que fugir ao tema. Esta crise divide as pessoas em dois grupos: os funcionários públicos que podem ficar em casa com o salário integral ao fim do mês e todos os outros, a maioria, que foi obrigada a ficar em casa e a deixar de trabalhar e que no fim do mês pode não ter salário ou o terá mas  reduzido. Os primeiros têm mais medo do vírus, os segundos têm mais medo do futuro sem trabalho e comida na mesa.

É por isso que o Estado que nos mandou todos para casa se constitui no dever de acudir à população. Do lado da Saúde e do lado da Economia. Não vejo outro momento tão esmagadoramente ilustrativo da imprescindibilidade da acção do Estado do que este. E se a acção na defesa do SNS é óbvia, não o é menos o resgate do empobrecimento do povo que se torna inadiável e irrecusável como função do Estado.

Mas como a convulsão presente é mundial, isso permite comparar como cada país faz a gestão da crise e os resultados que vai obter.

O caso sueco (e outros similares) é nesse contexto a chave. Mesmo com especificidades culturais e sociológicas, o sucesso da sua política com danos controláveis na economia pode pôr em causa todas as outras de confinamento mais ou menos extenso e paralisação da economia. Ora, como as políticas são escolhas também aqui podemos avaliar no fim e pedir contas aos governantes.

Hoje, todas as sondagens valorizam os partidos do Governo e os governantes. Mas é claro que se morrermos da cura, ou seja, se sairmos do confinamento de rastos e com um horizonte de pobreza por muitos anos, a geração actual não deve demorar muito a colocar os actuais governantes no pelourinho.

O título deste artigo inspira-se em “Alguns Mitos Maiores e Alguns Mitos Menores Postos à Circulação pelo Autor”, de Mário Cesariny de Vasconcelos