“Esperamos que o BCE reduza as taxas em 25 pb na sua reunião de 6 de março, elevando a taxa dos depósitos para 2,50%”, diz o Diretor de Investimento Global em Obrigações da Allianz Global Investors (Allianz GI), Michael Krautzberger.
Antecipando a reunião do BCE esta quinta-feira, 6 de março, o Diretor de Investimento Global em Obrigações da Allianz Global Investors sublinha que “o resultado das eleições na Alemanha tem gerado algumas expetativas de uma política fiscal alemã mais proativa. Em cima da mesa estão iniciativas como um fundo extraorçamental para a defesa, a reforma do travão à dívida ou a emissão de dívida conjunta da UE para financiar este tipo de gastos”.
No entanto o crescimento da zona euro continua a ser desfavorável, apesar dos indícios de recuperação na Alemanha, a maior economia da região.
As crescentes tensões na relação entre os EUA e a Europa em matéria de política comercial e segurança, bem como os desafios de crescimento estrutural, são os principais fatores a dificultar as esperanças de uma recuperação económica mais duradoura na zona euro.
“A possibilidade de uma grande coligação bipartidária CDU/CSU-SPD após as eleições alemãs, mas com outros partidos em posição de bloquear reformas fiscais-chave, complica as perspetivas de uma política fiscal mais expansiva no futuro. Apesar disso, estão a crescer os riscos de um aumento nos gastos em defesa, tanto a nível nacional como na UE”, defende Michael Krautzberger.
“A curto prazo, este cenário pode impulsionar ligeiramente o crescimento da zona euro, mas não altera as atuais expetativas de redução das taxas do BCE”, acrescenta.
Os mercados antecipam mais cortes pelo BCE até Junho, situando a taxa dos depósitos para os 2%. Existe a hipóteses de que essa taxa seja inferior a 2% antes do final deste ano. “A curto prazo, subscrevemos genericamente esta visão, tendo em conta os desafios que ainda enfrenta a atividade económica da região”, defende a Allianz GI.
Por isso “nos mercados das taxas de juro do euro, optamos por estratégias [nas carteiras de ativos] que beneficiam de um “steepening” (ou inclinação) da curva de rendimentos da Alemanha”.
A dívida europeia com grau de investimento e as ações europeias registaram um desempenho superior ao dos seus homólogos dos EUA, “em parte devido à flexibilização das condições financeiras na região, mas também porque os investidores começam a questionar as elevadas expetativas de crescimento dos EUA que já estavam refletidas nas avaliações dos ativos dos EUA”, sublinha a gestora de ativos alemã.
“Nas últimas semanas, Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do BCE, tem defendido que as decisões de política monetária devem ser adotadas em cada reunião, em função da evolução económica. No entanto, a sua posição parece ser minoritária no Conselho do BCE, dado o elevado nível de incerteza na região”, lembra o Diretor de Investimento Global em Obrigações da Allianz GI.
“Ao mesmo tempo, a melhoria da dinâmica da inflação – com um crescimento dos salários mais moderado (o crescimento dos salários negociados na zona euro caiu para os 4,1% em termos homólogos no quarto trimestre, face aos 5,4% do trimestre anterior) e um mercado de trabalho cada vez mais fraco – deixa em aberto a possibilidade de o BCE subir a taxa dos depósitos para os 2% ou menos nos próximos meses”, acrescenta.
O comentário de Michael Krautzberger aborda ainda o “desafiante ambiente político e regulamentar”, no entanto, “os dados macroeconómicos da zona euro e a confiança dos investidores têm demonstrado uma resiliência notável desde o início do ano”.
“Em geral, os indicadores económicos têm surpreendido em alta, ainda que a partir de níveis baixos, impulsionados pela flexibilização das condições financeiras”, refere a Allianz GI que aponta que os inquéritos mais recentes indicam que a atividade económica na região estabilizou. Em fevereiro, o PMI composto da zona euro manteve-se estável, com uma melhoria superior ao esperado na atividade industrial, que compensou o abrandamento no setor dos serviços, embora este último mantenha a sua tendência expansionista.
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