A Allianz Global Investors (AllianzGI), uma das principais gestoras de investimentos ativos do mundo com 571 mil milhões de euros, acaba de anunciar a sua intenção de votar contra o ponto 6 da ordem de trabalhos (a reeleição de Thomas Rabe como Presidente do Conselho de Supervisão) na próxima Assembleia Geral Anual de Acionistas da Adidas, a 15 de maio, onde é acionista.
A gestora de ativos opõe-se à continuidade de Thomas Rabe no Conselho de Administração da empresa por acumular vários cargos de alto nível em diferentes empresas atualmente e não garantir uma sucessão clara. A gestora diz que “aposta numa liderança independente e bem planificada como pilar-chave de uma boa governança”.
A AllianzGI lembra que apoiou a sua reeleição em 2024, apesar das dúvidas com a acumulação de vários cargos de alto nível em diferentes empresas. Thomas Rabe é Administrador-Delegado (CEO) do RTL Group e da Bertelsmann Management SE, uma acumulação de responsabilidades que a AllianzGI considera excessiva, e a que se soma à sua liderança na Adidas.
No mesmo ano, a multinacional alemã decidiu prolongar o mandato do seu presidente por mais um ano, de forma a ganhar tempo para encontrar um sucessor. A AllianzGI acolheu esta medida como um primeiro passo para uma transição ordenada. “No entanto, desde então, a empresa não apresentou um candidato ou plano de sucessão convincente”, na opinião da gestora de ativos.
“A AllianzGI considera que a eleição do presidente deve ser planificada e claramente comunicada aos investidores. Isto implica definir um perfil de competência rigoroso para o candidato, que inclua experiência em alta direção, conhecimento do setor, perspetiva internacional e competências de liderança”, lê-se no comunicado.
A gestora de ativos alemã defende que “num contexto de incerteza geopolítica como o atual, o novo presidente deve ter tempo suficiente para desempenhar adequadamente as suas funções, sem acumular simultaneamente vários cargos em diferentes conselhos, e deve ser verdadeiramente independente”.
A AllianzGI solicitou ao Comité de Nomeações que “apresente um plano de sucessão claro o mais rapidamente possível e, posteriormente, um candidato adequado, com tempo suficiente para a integração e uma transição tranquila”.
Matt Christensen, Diretor Global de Investimento Sustentável e de Impacto da AllianzGI, detalhou que a decisão de votar contra a reeleição do Presidente da Adidas “reflete a importância que atribuímos à qualidade do Conselho de Administração”.
“Estamos convencidos de que uma boa governança corporativa está intimamente ligada a um forte desempenho financeiro e a elevados padrões de sustentabilidade. A acumulação de cargos em diferentes boards continua a ser uma preocupação. Além disso, consideramos essencial uma planificação de sucessão proativa. Estamos a acompanhar de perto o progresso do processo e entendemos que a pessoa escolhida deve ter um sólido historial de liderança, um profundo conhecimento do setor, uma independência inquestionável e o tempo necessário para desempenhar as suas funções com total dedicação, principalmente em momentos de incerteza”, refere a AllianzGI.”
No início do ano, a AllianzGI publicou a sua análise anual sobre o exercício de voto nas assembleias gerais de acionistas em 2024, com base na sua participação em 8.879 reuniões (um ano antes foram 9.137) e na avaliação de cerca de 90.000 propostas de acionistas e da gestão. A AllianzGI votou contra, absteve-se ou recusou-se a votar em pelo menos um ponto da ordem de trabalhos em 72% das reuniões realizadas a nível global (2023 tinha sido 71%). A empresa opôs-se a 19% das propostas relacionadas com o capital, 22% das eleições de administradores e 41% das propostas de remuneração, o que reflete os seus elevados padrões de governança corporativa.
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