Na quinta-feira da semana passada, um homem fez um voo da Lufthansa ficar em terra, em Belgrado, para conseguir sair com uma hospedeira. Tinha-a convidado para jantar. Aparentemente tinha bom gosto mas pouca sorte, pois ela recusou. Tentou segui-la para descobrir em que hotel estava e perdeu-a no trânsito. Vai daí, desesperado, no dia seguinte resolveu fazer um telefonema anónimo a dizer que havia uma bomba a bordo para que ela ficasse e ele pudesse fazer uma nova tentativa.
Agora janta na cadeia, depois de a polícia ter localizado o seu telefone e o ter prendido, sob a acusação de provocar o pânico e perturbar a ordem pública. E já devia ter juízo, com os seus 65 anos.
Em abril um homem de 26 anos tinha feito uma ameaça de bomba para estar com a namorada. Aaron Gutierrez telefonou para o sítio onde a sua princesa trabalhava, a dizer que estava uma bomba no local, apenas para poder estar com ela quando fosse feita a evacuação. Infelizmente a polícia de Lovington conseguiu localizar a chamada e prendeu-o.
Detido no dia 16 de abril, arrisca-se a ser condenado a 18 meses de prisão. Bem pode ela agora telefonar para a prisão a dizer que está lá uma bomba que não há evacuação de prisões e, se depois ela for presa, também não há prisões mistas. Portanto, por causa da pressa em estar com ela, o nosso homem vai ficar um bom bocado de tempo sem ver a sua menina. É caso para alguém dizer a Gutierrez que devia saber que o crime não compensa.
Já em 2015, no Quénia, um homem gritou várias vezes “bomba” no avião que se preparava para descolar do aeroporto de Nairobi com destino a Joanesburgo. Foi entregue à brigada antiterrorismo, que o obrigou fazer uma viagem mais curta, para a prisão local. Entre sair do avião, inspeção e voltar a entrar, os passageiros perderam um par de horas.
No mesmo ano, em Bordeaux, foi preso um homem de 33 anos por ter dado um falso alerta de bomba, para que a namorada – retida num engarrafamento – não perdesse o avião. Consequência: até dois anos de prisão e 30 mil euros de multa. Como qual, dos 22 aos 65 anos, todos fazem asneira da grossa pelos belos olhos da mais-que-tudo. Esta coisa do amor é bonita, exceto talvez para aqueles que perdem um dia de trabalho ou meia dúzia de horas num aeroporto.
Cá, na Portela, não há memória de uma história destas. E felizmente que as nossas deputadas à Assembleia da República não conseguem despertar paixões assolapadas como estas. Imaginem o que seria um falso alarme destes a ter acontecido na última sexta-feira, o dia em que foram discutidos e votados no nosso Parlamento nada menos do que 47 diplomas com força de lei, 68 resoluções e uma dezena de votos sortidos, para aí metade do que fazem os deputados o ano inteiro. O que se perdia, hem?