Jacqueline Ades conheceu Isaac em julho do ano passado, através do dating site Luxy, que se apresenta como uma “luxury millionaire dating application” que põe em contacto homens e mulheres bonitos, atraentes, bem-sucedidos e abastados. Rapidamente Jacqueline descobriu laços profundos entre os dois, como terem o mesmo dia de aniversário, serem ambos vegetarianos e terem uma forte ligação ao número 33. Dating online foi para Jacqueline o princípio de uma atração que se revelou fatal. Ciente de ter encontrado a sua alma gémea, fez crescer a sua proximidade e, por fim, tiveram o primeiro encontro. Para Jacqueline foi um momento único, a fase do namoro, a expectativa de uma parceria para a vida, de antevisão de decisões em conjunto e escolhas partilhadas num caminho no plural, meses de palavras e promessas trocadas.

Jacqueline, rapariga moderna, enviava a Isaac mensagens todos os dias, por vezes mais de 500 num dia. Mas – talvez sufocado com tanto envolvimento e asfixiado com a pressão, sabe-se lá – o entusiasmo de Isaac arrefeceu. No fim de contas, quem consegue responder a 500 SMS por dia? Comunicação entre parceiros é bom e saudável, dirá qualquer especialista da área, mas há limites. Será que as coisas estavam a ir depressa e longe de mais? A verdade é que Isaac quis pôr uma pausa no assunto e assim entendeu por bem deixar claro com Jacqueline que o primeiro encontro foi o último – a fase do afastamento.

Tarde de mais. Para Jacqueline, a coisa havia passado o ponto das fotos no Instagram há muito e já estava completamente fora de controlo. Como ela própria disse, “o amor é uma coisa excessiva!”; a comunicação passou a um novo patamar, bem como as ações, para recuperar a atenção que parecia perdida. Jacqueline fez coisas que para ela eram impensáveis antes, como “apimentar” os SMS – por exemplo, quando escreveu a Isaac “não tentes deixar-me. Eu mato-te, e não quero ser uma assassina” e “o que faria com o teu sangue… tomava banho nele”. Além dos 65.000 SMS, Jacqueline apareceu em casa de Isaac, que não lhe abriu a porta e chamou a polícia; apareceu no local de trabalho dele, onde se apresentou como sua mulher, e teve que ser escoltada para fora das instalações. Começou a fase do desentendimento e da ameaça.

Dia 8 de abril a taça transbordou quando a polícia prendeu Jacqueline, quando esta forçou a entrada em casa de Isaac enquanto este estava no estrangeiro e foi apanhada a tomar banho; claro que ter uma faca de cozinha no assento do pendura no carro não ajudou as coisas. Agora, o assunto está em tribunal, onde ela enfrenta acusações de assédio e perseguição, violação de propriedade, etc. Parece a história da geringonça.