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Ana Gomes: “Fico penalizada por o primeiro-ministro do meu país estar metido nesta história”

Candidata presidencial disse no espaço de comentário na SIC Notícias que a presença de António Costa na comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica é um apoio a “um indivíduo que tem todo um percurso altamente questionável”.
  • Cristina Bernardo
14 Setembro 2020, 00h42

A candidata presidencial Ana Gomes aproveitou o seu espaço de comentário político na SIC Notícias para criticar António Costa por integrar a comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica. “Fico penalizada por ver o primeiro-ministro do meu país, que é também secretário-geral do meu partido, metido nesta história”, disse a antiga eurodeputada socialista, considerando que a retirada do apoio seria “o mínimo” a fazer.

Segundo Ana Gomes, “não é o clube que está em causa”, tendo acrescentado que chegou a ser praticante de patinagem no Benfica, apesar de dizer que o futebol tem a “tendência de acentuar um tribalismo que é nocivo para a sociedade portuguesa”.

No entanto, aquilo que mais perturba a candidata presidencial é a inclusão do primeiro-ministro na comissão de honra “de um indivíduo que tem todo um percurso altamente questionável”, enumerando na SIC Notícias que Luís Filipe Vieira foi condenado em 1993 pelo roubo de um camião, é arguido na Operação Lex por corrupção de um juiz e tem “todo um historial de dívidas à banca estranhamente perdoadas”.

Embora António Costa tenha respondido que a sua participação nas eleições do Benfica são uma questão pessoal que nada tem a ver com política, Ana Gomes argumentou que, estando em causa perdões, feitos “de forma opaca e não explicada” de 200 milhões de euros em dívidas de empresas detidas por Luís Filipe Vieira ao Novo Banco, que está a receber dinheiro dos contribuintes através do Fundo de Resolução, “isso diz diretamente respeito ao primeiro-ministro”.

Ainda segundo Ana Gomes, o envolvimento de António Costa nas eleições do Benfica “não só viola o próprio código de conduta que o Governo aprovou como se torna mais sério por se tratar do primeiro-ministro e secretário-geral do principal partido”.

A ex-eurodeputada recordou na SIC Notícias que João Soares foi afastado do Ministério da Cultura – após fazer ameaças físicas a colunistas através das redes sociais – com a justificação de que “um governante é governante mesmo na mesa de café”. “Se isso se aplica a um ministro, aplica-se a um primeiro-ministro por maioria de razão”, disse Ana Gomes, não querendo acreditar que “o primeiro-ministro creia que as eleições do Benfica são mais importantes do que as eleições para a Presidência da República”, nas quais António Costa pediu “recato” aos seus ministros.

Farpas a Isabel Moreira por ligações a Luís Amado e Paulo Portas

O espaço de comentário na SIC Notícias também foi aproveitado por Ana Gomes para lançar farpas à deputada Isabel Moreira, que anunciou que irá votar no eurodeputado comunista João Ferreira nas eleições presidenciais por este ser “avesso a populismos”. Começando por dizer que o PS é “um partido da liberdade e em que cada um tem de pensar pela sua cabeça”, disse compreender o percurso de uma deputada que “trabalhou com Luís Amado e é amiga e defende Paulo Portas”.

Garantindo não estranhar que Isabel Moreira apoie João Ferreira, Ana Gomes admitiu não compreender que a deputada do PS justifique a sua escolha de candidato presidencial pela defesa do estado de Direito. “João Ferreira não é grande defensor do estado de Direito quando apoia o regime de Maduro na Venezuela ou de Putin na Rússia”, realçou.

Ana Gomes dedicou ainda algumas palavras a André Ventura, que já a qualificou de “histérica” e “candidata cigana”. “Não me ofende quem quer”, disse, garantindo ter “muito orgulho em ser a candidata dos ciganos, dos negros, dos gays, dos pobres, dos excluídos e dos discriminados”.

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