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Ano letivo arranca esta segunda-feira com máscaras e muita expectativa

As escolas básicas e secundárias públicas começam a abrir portas, a partir de hoje e até quinta-feira, para receber os alunos do 1.º ao 12.º ano.
  • Getty Images
14 Setembro 2020, 07h55

Mais de 800 agrupamentos de escolas portuguesas começam a abrir portas esta segunda-feira, 14 de setembro, num processo que deverá ficar concluído até quinta-feira, 17. O ministro e os secretários de Estado da Educação acompanham o Primeiro-Ministro, António Costa, na visita à Escola Secundária de Benavente, logo pela manhã. De tarde, Tiago Brandão Rodrigues, João Costa e Susana Amador estarão com alunos, docentes e não docentes da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, em Abrantes, que inicia as aulas neste primeiro dia.

Eduardo Marçal Grilo, antigo ministro da Educação, deixa uma ideia para os primeiros dias do regresso à escola: fazer da tradicional aula de apresentação aos alunos uma aula de consciencialização para que crianças e jovens percebam a dimensão da sua responsabilidade para o êxito deste regresso à escola. “Em termos das aulas, os primeiros dias na escola têm que ter um componente de consciencialização dos miúdos, do que é que isto representa – o que é o vírus, o contágio, porque se lavam as mãos e se usa máscara, porque é necessário que as pessoas se afastem – para que haja uma ideia mais exacta e correta, do ponto de vista científico, do que é que nós estamos a viver. Se não houver uma grande consciencialização da parte de todos – estudantes, professores, pais, auxiliares, poderemos ter mais problemas do que aqueles que vamos ter”.

O regresso às aulas presenciais é aplaudido por todos – alunos, professores, escolas, pais e sindicatos. Num clima de incerteza, com arestas para limar e problemas por solucionar, também há certezas, como a de que o encerramento de uma escola só acontecerá numa situação limite e será sempre decidida pelas autoridades de saúde.

Em plena pandemia da ​​​​​​​Covid-19, as regras de higiene e segurança para minimizar o contágio definidas pela Direção-Geral da Saúde e pelo Ministério da Educação obrigam ao uso de máscara para todos os alunos a partir 2.º ciclo, professores e pessoal auxiliar, distanciamento físico de, pelo menos, um metro e entre os diferentes espaços da escola, sempre que possível, e circuitos de circulação definidos. Muitas escolas, onde as condições o permitiram, foram além do pedido, desenhando turmas “bolha” e desencontrando horários, abrindo novos espaços e encerrando outros para minimizar o contacto.

Filinto Lima, presidente da Associação dos Diretores dos Agrupamentos Escolares (ADAE), que tem sido uma voz de serenidade na tormenta, garante que as escolas estão preparadas para receber os alunos. “Tomara eu que pudéssemos manter o ensino presencial durante todo o ano, mas isso será muito difícil”, disse, assegurando, no entanto, que se for necessário recorrer ao ensino misto ou não presencial devido à pandemia, as escolas também estão preparadas para esse cenário.

As duas confederações de pais têm igualmente expressado a confiança nas escolas. Em declarações à agência Lusa admitiram mesmo que o maior risco está, não na escola, mas na mobilidade fora do espaço escolar, caso dos transportes públicos.

Os sindicatos continuam, no entanto, com o pé atrás. A FENPROF, o maior sindicato de professores, afeto à CGTP, adiantou, nas vésperas, do regresso às aulas que o número de professores que vão recorrer a baixa médica por serem doentes de risco e não poderem recorrer ao teletrabalho poderá atingir os 12 mil. Em regime presencial, o Governo entende que não faz sentido, o teletrabalho. Se não se apresentarem ao trabalho, os professores nesta situação têm 30 dias de faltas justificadas e depois disso terão de meter baixa.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, respondeu dizendo que existem mecanismos que permitem a substituição de professores muito rapidamente, mas apesar disso a incógnita persiste.

Na última sexta-feira, 11 de setembro, também o Sindicato de Todos os Professores (STOP) confirmou à agência Lusa que vai manter a greve de docentes e funcionários para os primeiros dias de aulas, contra a falta de condições de segurança em algumas escolas. O coordenador nacional do sindicato explicou que a greve, marcada para os dias 14 a 17 de setembro, destina-se sobretudo, aos “profissionais de educação que estejam nas escolas onde, manifestamente, considerem que não há condições “.

Ao Jornal Económico o antigo Ministro da Educação, Eduardo Marçal Grilo, defende que o bom senso deve prevalecer em todas as questões: “O apelo que deve ser feito a todos é: coloquem-se do lado das soluções e não do lado dos problemas, porque desse lado já há problemas que cheguem”.

 

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