[weglot_switcher]

Antonoaldo Neves: Negociações para a compra da TAP estavam “muito avançadas”

O gestor apontou que chegou a ser estabelecido um preço e que as negociações duravam há meses. No final de fevereiro foi noticiado que a alemã Lufthansa e a norte-americana United Airlines estavam interessadas em entrar no capital da companhia aérea portuguesa.
  • António Pedro Santos/Lusa
24 Junho 2020, 08h17

O presidente executivo da TAP disse hoje que as negociações com outra companhia aérea para a entrada no capital da TAP estavam “muito avançadas”.

“As negociações estavam muito avançadas. Havia meses de negociações e já havia um preço”, disse Antonoaldo Neves na terça-feira no Parlamento.

Apesar de o gestor não ter avançado nomes, foi noticiado que a alemã Lufthansa e a norte-americana United Airlines estavam interessadas na companhia aérea portuguesa conforme avançou no final de fevereiro o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, citado pela Reuters.

“Era uma valorização muito positiva da TAP como nunca se viu antes. Eram empresas de primeiro nível no mundo. Era um valor equity positivo, valorizaram muito a empresa”, sublinhou o presidente da companhia aérea, apontando que esta avaliação foi feita antes da pandemia da Covid-19.

O presidente executivo da TAP foi ontem ouvido na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, por requerimento do PS e do PSD.

A TAP é detida em 50% pelo Estado português, com a consórcio privado Atlantic Gateway, que pertence aos empresários norte-americano David Neeleman e o português Humberto Pedrosa, a deter 45%.

Apesar deste interesse ter sido noticiado, a verdade é que pandemia da Covid-19 lançou uma grande crise sobre o setor da aviação a nível global.

A TAP vai receber um empréstimo de 1.200 milhões de euros por parte do Estado português que terá de ser reembolsado em seis meses, ou a companhia tem de avançar para um plano de reestruturação a ser aprovado pela Comissão Europeia.

Antonoaldo Neves criticou a Comissão Europeia por ter rejeitado aprovar apoios para a companhia aérea no âmbito do pacote de apoios aprovados para tentar mitigar os efeitos da pandemia da Covid-19 no setor europeu da aviação, dando o exemplo da companhia aérea alemã Condor que teve direito a apoios semelhantes em novembro de 2019, antes da tentativa de compra pela polaca LOT.

“Vamos brigar ate ao fim para que a Comissão Europeia nos trate como outras companhias aéreas”, avisou o presidente executivo da TAP no Parlamento.

O gestor avisou que a companhia aérea não vai conseguir pagar o empréstimo do Estado português de 1.200 milhões de euros no espaço de seis meses.

“Não temos condições de pagar a dívida a seis meses. Nenhuma companhia aérea tomou empréstimos para pagar a seis meses”, afirmou.

Antonoaldo Neves disse que a empresa já está a trabalhar num plano de reestruturação para apresentar no espaço de três meses à Comissão Europeia, para depois ter três meses para negociar com Bruxelas.

“Eu não espero nada menos de que uma Comissão Europeia extremamente dura com a TAP, preferia que fosse diferente”, afirmou Antonoaldo Neves na audição parlamentar, apontando para outras companhias aéreas que foram obrigadas a cortar muitas rotas por Bruxelas.

Na decisão anunciada a 10 de junho, a Comissão Europeia decidiu que “a TAP não é elegível para receber apoio ao abrigo do Quadro temporário da Comissão relativo aos auxílios estatais, destinado a apoiar empresas que de outro modo seriam viáveis”. No entanto, deu luz verde ao Estado português para realizar um empréstimo até 1.200 milhões de euros à companhia aérea. Esta decisão autoriza o Governo português a conceder o empréstimo sujeito a um reembolso no espaço de seis meses ou a apresentação de um plano de reestruturação ao fim de seis meses.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.