A Bain & Company divulgou um novo estudo intitulado “Bridging the Protection Gap: Affordability, Access, and Risk Prevention”, que analisa os desafios enfrentados pelo setor segurador em busca de uma relação rentável entre preço e risco.
O relatório destaca a evolução dos riscos, o aumento das catástrofes naturais e cibernéticas, os preços crescentemente inacessíveis dos seguros patrimoniais e o declínio da importância dos seguros de vida, especialmente entre as gerações mais jovens.
Até 2030, estima-se que apenas 25% a 33% dos danos causados por catástrofes naturais estarão cobertos por seguros, e menos da metade das mortes poderá ser assegurada.
As lacunas de proteção nos diversos ramos de seguros tendem a aumentar até 2030, à medida que as seguradoras enfrentam um crescimento insustentável impulsionado por repricing, conforme indica o estudo.
Francisco Montenegro, partner da Bain & Company, afirmou que as companhias de seguros estão em um ponto de inflexão. Nos últimos anos, houve aumentos nos prémios dos seguros de Property & Casualty (P&C) e nas vendas de anuidades no setor de seguros de vida, impulsionados pelas taxas de juro. Apesar de um capital razoavelmente forte, a rentabilidade tem sido pressionada em muitas linhas de negócios. Alertou ainda que as seguradoras precisam ser proativas para mitigar esses impactos.
Os investidores mostram ceticismo em relação ao crescimento futuro dos lucros das seguradoras norte-americanas, embora tenham uma visão mais otimista sobre as seguradoras de vida em mercados emergentes. As seguradoras de vida nos EUA enfrentam um “espaço em branco” negativo em relação ao crescimento dos lucros a longo prazo, indicando um possível declínio na rentabilidade. As seguradoras de P&C enfrentam desafios semelhantes, mas em menor escala, devido a preocupações sobre a sustentabilidade dos aumentos de preços recentes e o potencial aumento de sinistros, acrescentou o mesmo responsável.
Outro desafio significativo é o aumento rápido dos riscos cibernéticos num mundo digitalizado. Os custos globais de danos causados por ransomware podem ultrapassar 250 mil milhões de dólares nos próximos seis anos, e ações individuais das seguradoras podem não ser suficientes para enfrentar esses riscos, alerta a Bain. Montenegro ressaltou a necessidade de a prevenção de riscos se tornar uma componente crítica da estratégia do setor, promovendo parcerias público-privadas para a prevenção.
Apesar dos desafios, o estudo também aponta para oportunidades, especialmente com os avanços tecnológicos. A ascensão da Inteligência Artificial (IA) e a proliferação de dados não estruturados oferecem às seguradoras a chance de melhorar a acessibilidade e o preço dos seguros.
A Bain estima que as melhorias impulsionadas pela IA podem resultar num crescimento de receitas de 10% a 15%, uma redução de até 30% nas despesas operacionais e uma diminuição de 30% a 50% nas perdas desnecessárias com sinistros de P&C.
O estudo também aborda como o crescimento do mercado de soluções climáticas impactará os modelos de risco dos seguros, a transformação da dinâmica de risco e responsabilidade com o aumento dos veículos elétricos e autónomos, e como lidar com o crescente desequilíbrio dos rendimentos de reforma.
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