Uma comissão de planeamento israelita lançou esta tarde 540 novas unidades habitacionais num bairro de Jerusalém Oriental, naquela que é a primeira construção judaica na parte oriental da cidade – supostamente reservada aos palestinianos – desde a tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
As novas construções irão estender em muito os limites do bairro judeu – e o seu caráter polémico fez com que tivessem sido adiadas vários meses. Mas, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou, na véspera das eleições de março de 2020, que suspendera as restrições à construção, o bairro avançou mesmo. “Coexistência em Jerusalém”, declarou Netanyahu: “Jerusalém está a ser construída e ampliada. Estamos a unir toda a Jerusalém sob a minha autoridade”.
Har Homa, assim se chama o bairro, vai criar uma faixa contínua de bairros judeus na área, o que levou algumas ONG conotadas com a esquerda israelita (nomeadamente a Paz Agora) a argumentar que essa extensão pode, no futuro, impedir seriamente a criação de uma eventual capital palestiniana em Jerusalém. A extensão do Har Homa junta-o a outro polémico bairro planeado a nordeste, o bairro Givat Hamatos (1.257 fogos), que assim separa os bairros palestinianos de Beit Safafa e Sur Baher.
De acordo com a ONG Ir Amim, igualmente de esquerda, as 540 unidades em Har Homa East são as primeiras unidades a serem aprovadas na Linha Verde de Jerusalém Oriental desde que Biden substituiu o seu predecessor Donald Trump, claramente favorável à extensão dos colonatos.
“O avanço do plano é um sinal preocupante para aqueles que acreditavam que a mudança no poder nos Estados Unidos forçaria Israel a restringir a construção de colonatos”, disse o um responsável do Ir Amim, Aviv Tatarsky, em comunicado.
Entretanto, a comunicação social judaica avança que Joe Biden fez saber ao governo israelita que não aceita medidas unilaterais – como a construção de novos colonatos – que possam colocar em causa o diálogo com os palestinianos.
Israel reivindica a posse de toda a Jerusalém, incluindo os bairros capturados na Guerra dos Seis Dias (1967), como sua capital indivisa. Os palestinianos reivindicam Jerusalém Oriental, incluindo o Monte do Templo e a Cidade Velha, como a capital de um futuro Estado.
A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas e a União Europeia, considera os bairros judeus de Jerusalém Oriental ilegais segundo o direito internacional. Israel contesta essa afirmação, argumentando que tem total soberania sobre toda a Jerusalém.
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