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APMobi: “Não estamos contra a Antral e a FPT, mas queremos representar uma nova geração”

Em entrevista ao Jornal Económico, um dos fundadores da nova associação de motoristas de táxi, que conta com a mytaxi Portugal como membro fundador, explicou o que pretende a APMobi e que desafios o setor deve superar. Certo é que esta é uma associação “concorrente” das conhecidas Antral e Federação Portuguesa do Táxi.
  • Pedro Nunes/Reuters
20 Março 2019, 07h41

A APMobi – Associação Portuguesa para a Mobilidade é o mais recente organismo criado para representação dos taxistas. Num momento em que o setor do táxi atravessa sérios desafios de modernização, os mesmos taxistas que lançaram a petição “Pelo Futuro do Táxi: só uma mudança real pode salvar o setor”, em fevereiro, criaram a APMobi.

Esta associação tem a particularidade de ser ‘alavancada’ pela empresa de táxis mytaxi Portugal, enquanto membro fundador. Os fundadores Carlos Marques, Carlos Moreira e Ricardo Aivado, também eles motoristas da mytaxi Portugal, acreditam que a empresa  é “um player importante”, que poderá dar força a este novo grupo de pressão para a a modernização do setor.

A APMobi foi apresentada na terça-feira, 19 de fevereiro, e o Jornal Económico falou com os fundadores da associação, sendo Ricardo Aivado o porta-voz. Aivado apontou como principal desafio do setor a continuidade do mesmo. O sucesso das empresas operadoras de transporte de veículo descaracterizado (TVDE), por exemplo, levantou uma série de questões ao setor do táxi, que a APMobi acredita não estarem a ser solucionadas pelas associações já existentes. “Flexibilização da regulamentação e uma maior transparência” são duas  das principais questões.

O que está na origem da criação destaociação?
A APMobi surge no novo contexto da mobilidade moderna. Perante o atual cenário em que a concorrência é cada vez maior na área da mobilidade e quase todos os dias surgem soluções inovadoras, a APMobi pretende assumir-se como a nova geração da mobilidade, onde o táxi faz parte da solução.

“Uma nova geração da mobilidade”, o que significa isso?
Esta associação tem como base um movimento formado e liderado por motoristas de táxis que tendo em conta a atual situação do setor, da regulamentação criada para as plataformas TVDE, e da mobilidade em geral, estão preocupados com aquele que será o futuro do setor ou a ausência de um futuro para o táxi se nada for feito em prol da sua modernização. Perante este atual cenário, a falta de propostas concretas e verdadeiramente efetivas por parte das associações que representam o setor relativamente à modernização, surge este movimento.

Que desafios enfrenta o setor do Táxi em Portugal, atualmente?
O maior desafio que o setor do táxi enfrenta é mesmo a sua continuidade no futuro. O contexto da mobilidade mudou completamente nos últimos anos e, perante estas mudanças que se iam instalando, o setor do táxi em vez de reagir de imediato ficou parado, centrou as suas atenções e esforços na luta contra a chegada das plataformas TVDE e, mesmo quando percebeu que a nova lei das TVDE iria ser uma realidade, não mudou o foco para começar a trabalhar em prol da modernização do setor.

O setor do táxi está em desvantagem face às empresas de TVDE?
A concorrência existe. É uma realidade. E se olharmos para os táxis encontramos um setor com uma regulamentação completamente desfasada face a esta concorrência, um setor que não tem uma imagem positiva perante a opinião pública – é preciso trazer mais transparência para o setor. A flexibilização da regulamentação e uma maior transparência são dois dos principais desafios que o setor tem de enfrentar para se modernizar. Preços flexíveis, melhores tempos de resposta e um serviço de qualidade inquestionável são condições essenciais para podermos fazer face à concorrência.

Voltando aos desafios do setor. Associações como Federação Portuguesa do Táxi (FPT) e a Antral não são suficientes para responder a esses desafios?Decidimos criar a APMobi porque acreditamos que é necessário trabalhar numa ótica e com uma abordagem diferente da que tem sido a utilizada nos últimos anos. Respeitamos as suas opiniões, mas acreditamos e defendemos que é preciso ir mais além e que o setor precisar de uma renovação mais profunda que rompa com aquilo que tem vindo a ser feito até ao momento.

Queremos ser a voz de todos os motoristas que, atualmente, não se sentem defendidos ou representados. Queremos ser a voz dos que não se revêem nas críticas por falta de vontade de inovar e de melhorar o setor. Não estamos contra a Antral e a FPT e respeitamos os espaços de todos – estamos dispostos a trabalhar em conjunto – mas queremos representar uma nova geração de motoristas de táxi durante as discussões regulatórias e apresentar as nossas propostas para a flexibilização da regulamentação do táxi às respetivas entidades reguladores e poder político.

De que forma esta associação espera conseguir trabalhar no futuro do setor junto do poder político?
Temos consciência que, começando agora, temos o desafio acrescido de construir o nosso posicionamento e a nossa imagem junto das forças políticas. Esta é uma associação que tem por base motoristas que fazem parte do setor há muitos anos, conhecemos a sua realidade e os desafios, e, por isso, acreditamos que o nosso contributo é uma mais valia na medida em que corresponde à voz de quem está dentro do setor.

Já têm algum trabalho desenvolvido junto do poder político?
Está a ser preparada uma proposta para apresentar aos grupos parlamentares, bem como uma agenda de reuniões com membros do parlamento e reguladores.

Como surge a mytaxi na APMobi, enquanto membro fundador?
Convidámos a mytaxi para também integrar esta associação, não só pelo reconhecimento do trabalho que tem vindo a desenvolver em prol da inovação e da modernização do setor, mas também porque é um player importante que nos pode ajudar a alcançar os nossos objetivos.

O primeiro passo foi criar a associação. Qual é o passo seguinte?
O passo seguinte tem a ver com o pedido de agendamento de reuniões junto dos representantes dos vários partidos, que fazem parte do grupo de trabalho que está a trabalhar no projeto de lei para a modernização do setor dos táxis. Temos o nosso manifesto preparado, o nosso parecer sobre aquelas que consideramos ser as medidas vitais para a modernização do setor e o nosso objetivo é sentarmos-nos com todas as entidades para dar a conhecer que medidas são essas.

https://jornaleconomico.pt/noticias/criada-nova-associacao-de-taxistas-que-conta-com-a-mytaxi-entre-os-fundadores-423457

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