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Após sucesso do primeiro concurso público com blockchain, Governo quer segunda edição

Startups vencedores da primeira edição do GovTech vão ser conhecidas esta quinta-feira. Em declarações ao Jornal Económico, a secretário de Estado Graça Fonseca admite que o número de investidores, que usaram as criptomoedas do Governo para votar, ficou acima do esperado.
Cristina Bernardo
4 Outubro 2018, 08h01

As três startups vencedoras da primeira edição do GovTech vão ser anunciadas esta quinta-feira, em Lisboa. O número de investidores a usarem a plataforma blockchain ficou acima do esperado pelo governo e o sucesso do concurso público que testou a tecnologia antecipa uma segunda edição, segundo explicou a Secretária de Estado da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, ao Jornal Económico.

“O balanço é bastante positivo. Quando lançámos este desafio foi para encontrar quem tivesse desenvolvido produtos ou serviços que pudessem constituir soluções para um dos objetivos da agenda 2030 das Nações Unidas”, explicou a secretária de Estado.

“Havia o objetivo de levar essa agenda de objetivos sustentáveis a mais pessoas em Portugal e é um balanço positivo que faço, não só pelo número de candidaturas, mas também pelo número de pessoas que se registaram na plataforma para investir nos candidatos”, referiu.

Dos 113 projetos que responderam ao desafio, foram escolhidos seis finalistas por um júri de 45 membros, mas também pelo público através de uma plataforma de blockchain. Através deste sistema de votação, foram emitidas 4.959.400 criptomoedas e utilizadas 4.559.312 por 1.734 investidores, um número que “superou as expetativas” de Graça Fonseca.

Para um investidor se registar, precisava de uma chave móvel digital, ou seja, um forte mecanismo de autenticação escolhido para que permitisse dar confiança aos candidatos. Mas também, do ponto de vista do escrutínio público, ser mais fiável sobre quem é que vai receber os prémios financeiros. “Para nós era importante que este mecanismo não fosse só de login e password ou uma rede social, mas que tivesse um mecanismo de autenticação nesta plataforma”, diz.

“No início considerámos que isto poderia dissuadir as pessoas de o fazer por isso o número de registos surpreendeu-me positivamente. Para nós o número foi elevado dada a questão da autenticação forte e o tempo relativamente curto em que tudo decorreu. Praticamente todas as moedas que foram emitidas, foram investidas”, sublinhou a secretária de Estado.

Produzir impacto nas prioridades dos candidatos

Dado o sucesso da primeira edição, a governante garante: “vamos anunciar uma segunda edição”. Apesar de poder ser considerado como mais um programa de apoio ao empreendedorismo, Graça Fonseca destaca uma particularidade do GovTech: o imenso potencial que vê para trabalhar, com as comunidades mais positivas, inovadoras e dinâmicas no sentido de contribuírem para com soluções para melhorar o rumo do mundo.

“Vamos repetir o GovTech no próximo ano porque tem uma dimensão de ir buscar ideias às pessoas e entusiasmá-las a fazerem algo para mudarem o mundo. As pessoas já o querem fazer, às vezes não sabem é como. Temos de saber aproveitar este potencial que temos para a criação de produtos ou serviços made in Portugal que de alguma forma contribuam para a agenda 2030 das Nações Unidas”, afirmou a secretária de Estado.

Os objetivos de desenvolvimento sustentável, fixados numa cimeira da ONU, visam caminhar para a erradicação da pobreza e para ao desenvolvimento económico, social e ambiental à escala global. Graça Fonseca reconhece que muitos dos participantes nem sabiam que o produto ou serviço que desenvolviam se enquadrava nos objetivos, mas sublinha que, hoje em dia, quem começa um negócio quer mais do que trabalhar e ganhar dinheiro, mas quer também produzir impacto.

“A verdade é que em três semanas, recebemos mais de cem candidaturas e chegámos a esta fase de seleção dos seis finalistas com um número final de 113 candidatos. Foi num tempo relativamente curto para apresentação de candidaturas”, disse a secretária de Estado.

“É engraçado que alguns deles não sabiam que estavam a contribuir para um dos objetivos da agenda 2020 e isso é um primeiro balanço positivo. Havia o objetivo de levar essa agenda de objetivos sustentáveis a mais pessoas em Portugal e é um balanço positivo que faço, não só pelo número de candidaturas, mas também pelo número de pessoas que se registaram na plataforma para investir nos candidatos”, acrescentou.

O júri irá escolher, esta quinta-feira, os três vencedores do concurso, de entre um grupo de seis startups. Além dos 30 mil euros, cada um irá receber um protocolo de colaboração com o Estado para desenvolver e testar o produto ou serviço, um espaço em incubadora nacional, apoio à internacionalização e um acesso ao pacote Alpha para o Websummit.

Seis finalistas com produtos inovadores “made in Portugal” na final

Os projetos, nas áreas das florestas, saúde, alimentação saudável, agricultura e educação são:

1. Informat: Sistema robotizado com funcionamento semi-autónomo para criação e gestão de aceiros e limpeza de terrenos florestais. Este projeto irá permitir um maior aproveitamento dos recursos humanos, melhorar as condições de trabalho dos operadores florestais, melhorar a eficiência e rapidez dos trabalhos de limpeza e reduzir o seu custo. Atua na prevenção dos fogos rurais, protegendo a vida terrestre.

2. VIDA SAUDÁVEL PARA TODOS: A empresa OceanGlamour tem como objetivo produzir e vender um produto único, altamente nutritivo e saudável, pronto para o consumo, que é a Salicórnia. Este produto permite combater esse consumo exagerado e evitar complicações de saúde, como é o caso do acidente vascular cerebral (principal causa de morte em Portugal), hipertensão, doenças cardiovasculares.

3. Bio2Skin: O Bio2Skin é um biomaterial adesivo, baseado em nanotecnologias para aplicações médicas, evita dermatites na pele em uso prolongado ou após a remoção, ideal para uso geral e uma esperança para aplicações de longo prazo, como por exemplo o uso de dispositivos permanentes que se encontram fixos à pele pelo uso de adesivos, como os dispositivos de ostomia.
Este não carece do uso de cola.

4. MI-GO: é um kit robótico concebido para a introduzir de maneira divertida, simples e intuitiva, e sobretudo inclusiva, para todos, pequenos e graúdos, com mais ou menos aptidões e acesso a tecnologia ou meios digitais, estando a ser testado em escolas e centros de estudo incluindo NEEs e a participar num programa internacional de Programação Tangível

5. SPAWNFOAM: A Spawnfoam utiliza resíduos florestais para produzir um material alternativo ao plástico, eficaz, multifacetado e personalizável, mas melhor porque é biodegradável e amigo do ambiente em todo o processo produtivo.
Na aplicação deste material na produção de vasos para a plantação de árvores, acabamos com o plástico no processo de transplantação, pois o vaso biodegradável é enterrado com a planta.

6. SmartFarmer: É um portal de compra e venda de hortofrutícolas que, por georefenciação, coloca em contacto direto produtores e consumidores. Eliminado o intermediário, reverte para o produtor (pago em 3 dias) a margem do distribuidor. O consumidor tem acesso a produtos, frescos, rastreáveis e a preços acessíveis. O consumidor coletivo dispõe de mecanismo de agregação automática de pequenas ofertas de agricultores em resposta a procuras de maior quantidade.

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