A Associação de Energias Renováveis diz que a produção de energia eólica portuguesa esteve em destaque na Europa durante o fim-de-semana da Páscoa. “No entanto, a importação nacional de eletricidade aumentou substancialmente, em consequência da forte pressão exportadora de França e da entrada em operação de uma nova central a carvão em Marrocos”, diz a APREN.
“No fim-de-semana da Páscoa (mais especificamente entre as 23h45 do dia 19 e as 21h30 do dia 21), o Sistema Elétrico Nacional operou sem qualquer central térmica convencional em funcionamento, fundamentalmente graças à grande contribuição da energia eólica, com produção de 95 GWh de eletricidade durante esse período. Esta fonte colocou Portugal em lugar de destaque na Europa, com uma incorporação de 46% de eletricidade renovável no consumo. Neste mesmo período, a produção de eletricidade renovável representou 70% do consumo, tendo sido o restante garantido por importações de eletricidade”, lê-se no comunicado da APREN.
A associação salienta que as importações têm registado um grande aumento desde o início do ano,”o que é consequência da forte pressão exportadora de França, somada à exportação de Marrocos para Espanha – um facto inédito na última década, durante a qual Espanha tinha sido sempre exportadora de eletricidade para o norte de África”.
Esta inversão do sentido do trânsito entre os dois países deve-se à entrada em operação, em dezembro de 2018, de uma grande central a carvão em Marrocos, explica a APREN.
“Devido ao desequilíbrio de regras entre a União Europeia (UE) e Marrocos, que na UE obrigam ao cumprimento de normas ambientais muito mais exigentes (como a instalação de sistemas de dessulfuração e desnitrificação), a eletricidade produzida pelas centrais a carvão no mercado ibérico é preterida, por ser mais cara, a favor da produção exterior, mais barata, mas que não cumpre os mesmos requisitos ambientais”, diz o comunicado.
Isto, diz a APREN, “trata-se de uma concorrência desleal, pois beneficia a produção mais emissora de gases com efeito de estufa, em oposição às diretrizes europeias, que penalizam as externalidades negativas deste tipo de produção”.
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