O desenvolvimento da economia portuguesa tem sido dececionante, seja qual for a forma como possamos olhar para as últimas duas décadas de evolução. Crescemos, é certo, melhorámos, mas muito pouco, e fizemo-lo a um ritmo muito inferior ao de qualquer outra economia com que nos devemos comparar, o que quer dizer que ficámos para trás.
Quando enfrentamos a mais profunda crise económica de que estas gerações têm memória, da qual não conhecemos ainda a exata duração ou extensão, sabemos que, para recuperar, temos de aproveitar e valorizar todos os recursos disponíveis. O principal recurso que temos disponível são as pessoas, cujo talento é muitas vezes desaproveitado.
O Gender Diversity Index 2020, recentemente divulgado, revela que Portugal tem 19,9% de mulheres na gestão de topo das grandes empresas; é verdade que quase quadruplicámos desde os inaceitáveis 5% de 2013, mas estamos longe da paridade ou mesmo da média europeia, já por si baixa, de 26,6%.
Quando sabemos que as empresas mais inovadoras são as que têm equipas com maior diversidade e que a inovação é um fator essencial à competitividade e crescimento das empresas, é fácil constatar que estamos a desperdiçar uma parte significativa do mais importante recurso de que dispõe um país com as condições e os constrangimentos de Portugal: as pessoas.
Poderia dizer-se que bastaria impor uma quota e o assunto resolvia-se, mas não acredito que esse seja o caminho. A imposição legislativa seria mais um custo de contexto e não uma oportunidade de mudança. Veja-se a esse propósito os números de mulheres nos cargos superiores das empresas públicas (já reguladas) que continuam a não cumprir as quotas definidas na legislação.
O caminho tem de ser de transformação cultural e de mentalidades, de mulheres e homens, ou melhor, da sociedade como um todo.
Foi para acelerarmos este caminho de transformação que, na CIP, desenvolvemos o projeto Promova, destinado a empresas que estão conscientes e querem ter maior diversidade nos seus cargos de liderança, e a líderes femininas que têm essa ambição. Com este projeto estamos a promover a capacitação das líderes femininas para funções executivas de topo, envolvendo nesse processo as empresas e os atuais líderes, de forma a provocar a necessária transformação cultural.
Este é um programa executivo de alta qualidade, desenvolvido com a parceria formativa da Nova SBE, que integra, além de 96 horas de formação, componentes como coaching, mentoria cruzada e atividades de networking, o que o diferencia e torna o mais completo programa de liderança no mercado.
A primeira edição está ainda a decorrer, com um balanço muito positivo, medido não só pelas candidaturas e pela participação, mas também pelo interesse que suscitou e pela evolução de carreira já sentida por algumas das participantes.
A pertinência do projeto é ainda visível na capacidade de agregação gerada para a segunda edição, cujo processo de candidaturas está a decorrer até ao final do mês, e que levou grandes empresas como a Randstad, a ANA – Aeroportos de Portugal, a EDP – Energias de Portugal e a Sonae, a patrocinar o projeto.
Tal como referiu o Prof. Miguel Pita e Cunha no último modulo de formação, a liderança é um processo de influência social em que os líderes têm, cada vez mais, o papel de apoiar, inspirar e energizar as suas equipas e a sociedade. É esse o propósito deste projeto, liderar o caminho da transformação cultural para a igualdade de género.
Acreditamos que a diversidade é o caminho para mais inovação, maior crescimento e maior capacidade para responder ao enquadramento de mudança constante com que hoje somos confrontados.