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Aquecimento global: Estados Unidos saem oficialmente do Acordo de Paris

Um eventual regresso de Washington ao tratado internacional assinado em 2015 por 195 países na capital francesa dependerá do resultado definitivo das eleições norte-americanas, já que Joe Biden prometeu que, sob o seu comando, a primeira economia mundial voltaria rapidamente aos esforços internacionais contra o aquecimento global.
4 Novembro 2020, 13h36

No dia em que se elege o novo presidente norte-americano, os EUA preparam-se para sair formalmente do Acordo climático de Paris assinado em 2015. O acordo resultante foi aprovado em consenso por 195 países e visa reduzir a emissão de gases estufa (GEE) a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2 ºC, preferencialmente em 1,5 ºC.

A retirada foi decisão da administração de Donald Trump e foi anunciada a julho de 2017 mas os regulamentos das Nações Unidas (ONU) asseguravam que essa decisão só entrava em vigor esta quarta-feira, 4 de novembro de 2020, um dia após a eleição presidencial nos EUA. Em 2019, quando se formalizou o início do processo de saída do Acordo de Paris, Mike Pompeo, secretário de Estado americano, afirmou que tal acordo “constitui um peso económico injusto” para o país.

A saída dos EUA vai representar a ausência do segundo maior poluidor do planeta e da maior economia da geopolítica climática no acordo, o que não é benéfico para o progresso na redução das emissões. Ao mesmo tempo, a renuncia norte-americana dá margem aos grandes produtores de combustíveis fósseis, como o Brasil, a Arábia Saudita, a Índia e a Austrália, para não fazerem nada pela redução das emissões poluentes.

O Departamento de Estado norte-americano vai deixar de ser um membro ativo nas reuniões da ONU sobre o clima no âmbito do acordo de Paris, mas vai continuar a ser autorizado a participar enquanto observador e mantém-se como membro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre o Clima.

A ONU receia que a saída dos EUA leve a que outros países adotem medidas mais lentas contra o aquecimento global, num momento em que os cientistas apelam a que todos os esforços sejam acelerados.

A reeleição do chefe de Estado republicano servirá para os Estados Unidos se manterem fora desse acordo, pelo menos durante mais quatro anos, como tem prometido Trump nos seus comícios de campanha e entrevistas televisivas. Para o segundo mandato, à semelhança da campanha eleitoral de 2016, Trump pretende continuar a expansão, desenvolvimento e aumento da exportação de carvão, petróleo e gás natural e criar postos de trabalho nestas áreas.

Assim, se Trump obtiver um segundo mandato, a defesa de leis ambientais terá de acontecer ao nível de políticas estaduais e locais, mesmo sem o apoio do Governo federal.

https://jornaleconomico.pt/noticias/saude-justica-social-e-ambiente-eis-os-temas-que-podem-determinar-as-eleicoes-nos-eua-nao-publicar-657102

Em sentido contrário, uma vitória do candidato democrata Joe Biden servirá para a maior economia do mundo se unir rapidamente aos esforços internacionais contra o aquecimento global, como tem prometido o antigo vice-presidente nas suas intervenções políticas durante a campanha eleitoral.

Com o objetivo de atingir 100% de eletricidade sustentável até 2050, o candidato democrata pretende investir dois mil milhões de dólares numa rede transportes públicos com zero emissões de gases poluentes e na criação de novos empregos na área das energias renováveis e habitações sustentáveis. Além disso, o Biden propõe ainda um plano de quase 1,5 biliões de euros para os Estados Unidos alcançarem a neutralidade carbónica, até 2050.

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